domingo, 14 de novembro de 2010

Urso rosa

Ja faz um tempinho que aconteceu. Escrevi e esqueci de postar! Mas pra deixar registrado aqui, aí está:

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Quem quer deixar de ser criança? Muito alem da responsabilidade que os anos dão, muito diferente de fazer aniversário, o olhar e a sinceridade de uma criança desmonta qualquer marmanjo.
Eu lavo roupa suja. Essa semana apareceu um urso rosa de 1,50m para ser lavado. Só o bichão de pelúcia já era uma novidade, vê-lo girar na secadora virou atração! Com direito a vídeo no celular!
No dia seguinte, já embalado e na prateleira, entra essa garotinha, de uns 6 anos e que aqui chamaremos de Nicole, olha pro bichão, olha pra mim e sorri. Pergunto:
_ É seu?
Ela sorridente balança vigorosamente a cabeça em sinal de positivo.
_Eu pego pra você, qué?
_Eu não vou levar hoje, ta chovendo.

No ponto de ônibus a mãe chama por ela e Nicole diz “peraí” com as mãos, olhou pra mim e disse:
_Obrigada por deixar meu urso cheirosinho, ta? Tchau!

Linda.

Hoje fez sol.
Nicole entrou na lavanderia com o uniforme da escola.
_Hoje você vai levar seu urso? – Perguntei.
O mesmo sorriso fácil e a balançada de cabeça. Atrás dela a mãe com um saco plástico proporcional ao tamanho do urso.
Quinze minutos depois ( ! ) e muita luta para embalar o bicho, ao sair da lavanderia, Nicole corre em minha direção com os bracinhos abertos, ajoelhei e ganhei um beijo e um abraço. Ganhei o dia também, diga-se de passagem!
Fiquei com remorso de ter cobrado! Faria por 1 real se pudesse.

Essa simplicidade em demonstrar o que se sente, sem malicia ou intenção, é o melhor que um ser humano pode ser. Amar o próximo como a si próprio parece ser quase impossível, mas a Nicole me fez ver o contrário.
O chato foi perceber que conforme amadurecemos pior ficamos!
Quem quer deixar de ser criança? Quem de fato lembra o que é ser uma?

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

qué o quê?

Quer saber qual minha vontade? É simples, eu te conto:
Quero mandar um sms pra cada pensamento que seja relacionado com você. Seja uma merda qualquer, seja algo sério, seja um lugar que fui e gostaria que estivesse comigo ou outros tantos imagináveis que gostaria de estar com você.
Quero que apareça no meio da tarde para me dar um beijo atrapalhando minha rotina. Quero não ter rotina ao seu lado.
Quero andar de mãos dadas no verão e com braços te rodeando no inverno, com direito a mão no bolso de trás da calça jeans.
Quero acordar do seu lado e não dizer nada que meus olhos não digam
Sentir seu cheiro além do perfume. Quero seu perfume impregnado nas minhas roupas, na minha cama, no travesseiro, em minh’alma.
Quero ser exagerado, carente, moleque apaixonado mesmo sendo homem formado.
Quero deixar de escutar o mundo dizendo o que é certo e deixar só meu coração falar e discursar, dissertar, estabelecer contato direto com o que vivo sem ter medo de taxação, recriminação ou o que é pior, inveja! Mesmo sendo o ego a base de qualquer inveja, não quero tê-lo massageado se meu maior prazer é simples, puro e sincero, tão precioso que dos pecados prefiro ter a avareza do meu lado, o egoísmo e não dividir meu sentimento com ninguém alem dos que merecem.
É impossível ter tudo que queremos. Os caminhoneiros escreviam que não tem tudo que querem, mas amam o que tem. Eu não tenho tudo que amo e não reclamo!
Nunca reclamei e sempre desejei. Dessa vez não te desejo, nem te idolatro, o que quero é estar do seu lado.
Quero que dessa vez não seja como foi de outras vezes! E um raio cai no mesmo lugar, sempre! Por isso não me poupo em dizer com todas as certezas que os anos me deram: adoro-te.
Não amo, não almejo mesmo morrendo por mais um beijo, não quero nada se isso for o que quer, nada.
Quero descansar porque cansado estou de tanto quebrar.
Quebro preconceitos, tabus, a cara e o coração.
Quebro tudo!
Quebro também a regra de que as coisas no podem ser ditas, que todo mundo deve ser conquistado de uma única maneira.
Quero tudo isso e muito mais!
E assim eu sigo querendo.
Ou sonhando? Não importa.
O que mais quero agora é que não me veja como carente, como pegajoso, exagerado, xavequeiro ou coisa do tipo.
Quero dizer que um sentimento brota de graça dentro de mim sem que me veja como romântico patético.
Quero ser moderno, não ter ciúmes, nao correr atrás, mas sem deixar de ser o que sou.
Quero que entenda, são apenas possibilidades e se elas não existem, que fique claro logo de cara.
Quero te mostrar essas palavras sem medo de me achar um otário.
Quero dormir.
Quero te ver amanhã.
Quero terminar o texto.
É o que quero.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Medroso

Aí ela disse:
_André, é você que desencana quando a coisa fica mais séria. Quando a coisa vai engatilhar, quando pode rolar um namoro você espana! Cai fora. Não é comigo, nem com tal, nem com fulana, nem sicrana, é você.

E a outra disse:
_ Pode ser que você tenha se acostumado a viver só. Que goste mesmo é da solidão e quando sente que pode perder isso, você desencana.

E aí eu parei. Lembrei da primeira namorada. Depois de 3 anos de namoro, aos 21 anos, quando tudo poderia ser lindo e duradouro, quando a pressão pra um possível casamento começou ser mais freqüente, vendi o carro, tranquei a facul, deixei a mina aqui e fui pros States.
Anos depois, quando estava já morando na mesma casa com outra namorada, quando percebi a vida de casado, comecei a buscar outras coisas de novo e mais uma vez “espanei”.
Houveram outros casos e que sempre poderiam ser algo muito mais duradouro e hoje poderia ser pai, estar casado e seguindo a cartilha.

Admitir que aquilo que eu critico é bem parecido comigo é doloroso e ao mesmo tempo consolador. Realmente não se trata de achar a mulher certa, nem colocar na outra a responsabilidade de me fazer feliz. Nunca existirá a mulher perfeita que um dia sabe-se lá como eu idealizei aqui na caxola! Essa fantasia não faz mais sentido.

A responsabilidade afetiva me assusta. Não sei ao certo até onde ir nem pra onde! Ok, isso se descobre a dois e cada caso é um caso. Tempo ao tempo. E o que sempre digo pros outro agora é minha vez de escutar: Se joga André!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Labirinto

Estou num labirinto de sentimentos. Perdido entre emoções passageiras e vontades contínuas
Como sustentar um amor de anos? Como saber quem é a pessoa certa? Aquela que vai fazer o coração pular, o tempo parar, os olhos brilharem e nenhuma certeza alem do amor pairar no ar como oxigênio, essencial para se viver.
No ímpeto de que isso possa acontecer com a próxima que aparecer, com aquela que aparece sorridente e te da um beijo no rosto, cheirosa, linda, encomendada num sonho qualquer, não seguro mais minha língua, muito menos meu dedo ao pegar o celular!
As vezes acho que vivo a fantasia e digo que a realidade é um sonho. Prefiro, talvez, acreditar no amor platônico que naquele explicito, exposto, escancarado diante do nariz.
Gosto de sentir o coração bater forte por alguém, de sentir saudades, de ficar feliz ao ver a conquista alheia, de sentir mesmo distante, a felicidade que faz as lagrimas vitrificarem as pupilas.
É, sou romântico e intenso. Vivo na corda bamba pendurada sobre a cafonice, o exagero e a chatice! Se bobear caio nisso tudo e o castigo não é a dor da queda, mas o sentimento de ser um Zé Mané grudento metido a galanteador. Aí minto pra mim e lembro-me do “catador” da turma, que eu achava ser o phodão e depois descobri que era um babaca, e me comparo. “Ok, você é o gatão do momento, ta saindo com um monte de gatinha, pra um monte de babaquinha de 18 anos você é o tal phodão” – penso, e concluo: “Mas não passa de um babaca que se mostra o garanhão, mas é um pato!”
Cuen! Cuen!
Ser desprovido de beleza física me deixa com a margem de erro muito próxima de zero alguma coisa. Logo, não posso errar. Um cara bonitão pode não ter uma perna ( literalmente) e mesmo assim causar suspiros na mais bela moçoila. Ontem no Fantástico mostrou um mosquito que tem que fazer seus olhos esbugalharem o máximo possível para conseguir um dia, disputar com outro macho menos zóiudo, a tão almejada cópula!
Só isso também, cópula, sexo. No mundo animal é assim. E uma balada é o mais próximo que chegamos do instinto animal! Pouco importa minha intelectualidade, meu papo, minhas experiências se na balada o que importa é sair com a gatinha? Meo, já dizia o poeta: Me desculpem as feias, mas beleza é fundamental!
Bom, como as armas que tenho são a simpatia e o charme, modéstia à parte, e to cansado do mundo virtual, só me resta convidar para tomar alguma coisa, num ambiente legal que dê para conversar e que os concorrentes sejam menos “zóiudos” que eu!
O problema, vejam vocês, é que acaba virando amizade ou então muitos encontros são necessários. E aí, aí a gente já se conhece demais e acabamos namorando!
E os conflitos vão aparecendo: “mas não quero me envolver”, “não quero namorar”, “não quero nada sério”...
E voltamos ao começo! Como sustentar um amor de anos? Com alguém que me tire tudo isso da cabeça e que simplesmente me faça respirar, é a resposta.
Quando começamos a desenhar a linha no labirinto, sabemos onde devemos chegar, o meio que é complicado.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Não chove na minha horta

Não chove na minha horta.
Lembrei dessa frase conversando com uma amiga, mas ela tem um sentido diferente neste caso.
Quando a pessoa não fica com ninguém, não tem namorada, não consegue nem um selinho na balada por um período muito grande, dizem que “não esta chovendo na horta”.
O resultado é uma horta seca. É ai que a coisa muda
Já se sentiu seco(a) de sentimentos?
Cada um com seu caso, com sua historia, mas comigo já faz tempo que o sentimento não perdura. Nem a carência, (que me dava paixonites agudas), me dá esperança de chuva no coração!
Seria a conseqüência de estar solteiro e serem muitas as possibilidades? Ou justamente por serem tantos possíveis casos que acabamos inertes a todos? Até eu fiquei confuso agora!
A gente fica com uma hoje, outra semana que vem, outra e outra e ai? E o sentimento? Por ela é uma coisa por aquela é outra. E pras meninas idem. Eu converso com muitas e quem esta solteira vive se enroscando com casinhos de 3 meses ou menos, e que nunca rendem muito mais que isso. E sempre tem um carinha de butuca esperando a vez de mostrar qual vai ser seu diferencial.
Essa “fartura” poderia sufocar os sentimentos? Afinal, muita água pra algumas plantas pode ser fatal. Morrem afogadas.
O doido é que por um tempo, mesmo que algumas horas, sou capaz de saciar minha vontade de estar com alguém e me entrego inteiramente àquele momento. A ponto de sentir me um namorado de anos. Mas quando o telefone desliga, o status muda pra offline, a porta do carro fecha, a cama fica vazia, o sentimento vai junto! Acho que já pensamos tantas vezes que ela (e) não vai ligar, que nunca mais nos veremos, ou que nunca mais vamos ficar, enfim, ficou implícito que ficar é uma noite, ficantes são algumas e daí pra frente a coisa pode complicar. E isso se repete continuamente até acostumarmos com a falta de compromisso, com a superficialidade, com nada alem e o amor, a paixão, o bem querer ficam cada vez mais fraquinhos lá dentro do peito.
O ego masculino fica inflado por algum tempo, nos achamos os pegadores. Mas sempre tem o momento sozinho onde paramos pra pensar se vale a pena. Obviamente só pensamos nisso mais velhos, aos 20 viva a pegação!
As meninas, boa parte delas, se perdem nessa doidera. Sempre rola uma chateação, uma decepção, um choro básico!
A onda agora é essa secura! Estou seco de sentimentos e o céu das possibilidades está carregado, mas não chove na minha horta. A previsão? Nem clima tempo sabe!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Cara Chato!

Po, que cara chato! Já é o terceiro sms hoje!
Outro dia recebi um email falando do pior dos signos. O meu, escorpião, começava dizendo que os escorpianos são uma verdadeira novela mexicana com muito sexo!
Amenizando a historia, diria que somos intensos. Mas isso caminha muito próximo do que dizia o email!
Dificilmente erro. Pra me aproximar de alguem? Difícil errar. Raramente erro nas amizades. É o abraço, o convívio, o papo, tudoissojuntoemaisumpouco! Não é falsa simpatia nem estou me “achando”. Depois de 15 minutos de conversa tenho certeza de que ali vai sair uma amizade.
Acho que aprendi a cultivar pessoas queridas e sempre quero um canterinho novo nesse jardim. Outras flores, outros ramos, outras cores e odores. De longe, o todo se mostra uniforme e mesmo assim cada planta tem sua individualidade. E tudo isso faz parte de mim e representa muito do que sou.
Como um brinquedo novo que acabo de ganhar, não consigo parar de pensar, de querer cutucar, de estar junto dessa pessoa de alguma forma. Aí vem o tal do signo pra cagar!
Tem hora que viro a novela mexicana! Exagerado nos gestos e expressões! Muito sal, sabe? Eu mesmo me ligo peço desculpas e chamo uma pizza.
Por ser assim acabo confundindo. Muitos saem correndo!
Exagero meu! Mas se o Google fosse um amigo, hoje eu mandaria um sms: Cara, vc é foda! Adorei o Google maps novo. Bora tomar uma mais tarde?
Sou assim, fazer o que?
Me seguro, mas tenho certeza que muita gente já pensou:
Pó, que cara chato!



O sexo?
Gosto sim! Quem não gosta?

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

"Não quero nada sério agora"

Caiu na testa! Queimei a língua! Admito que o que critico é bem parecido comigo! Ai ai ai!
Semana passada estava numa conversa de bar dizendo que nos últimos tempos as frases “Não quero nada com ninguém’, ou, “ Quero ficar um tempo sozinho”, ou, “ Não estou afim de relacionamentos agora” , andam se repetindo em todas as esferas da sociedade. E a questão na mesa era se é por conta da idade ou se existe um inconsciente coletivo onde a individualidade impera.
Pela idade, por conta de todo mundo que convivo estar na faixa dos 30. Nesta idade aquele romance de adolescente já é quase um sonho, que nem pareceu existir de verdade. O namoro duradouro dos 20 e poucos já teve “ remembers” suficientes e o ultimo relacionamento deixou algumas feridas que ninguém quer repeti-las. Aí, antes de se meter num relacionamento de novo, o que dá uma preguiça doida só de pensar em conhecer uma família, sobrinhos, pai , mãe, avó, almoços, churrascos..., cansa de pensar(!), antes de começar tudo isso de novo melhor ficar na nossa. Só curtir.
Pelo inconsciente coletivo é mais filosófico e se você tiver uma cervejinha na geladeira abra que você vai entrar no mesmo clima da conversa, rsrs. Vivemos online agora. A maioria sente necessidade de se conectar pelo menos uma vez por dia Tudo começou com o efeito zap, que é ficar mudando de canal com o controle remoto. Existem estudos que uma criança presta atenção em sala de aula durante 8, 10 minutos depois se distrai por uns 5 minutos e volta a prestar atenção. Por quê? O tempo que dura cada bloco de televisão é de 8 a 10 mim! Coisa de doido. Bom, esse efeito se transferiu pra net. Não esta legal o site, o blog, o vídeo, qualquer coisas, não ta legal é só clicar num novo link, digitar um novo site. Imediatamente um novo mundo se abre. Esse efeito pode estar sendo transferido agora para o sentimental. Pra nossa essência, pra nosso intimo. Aí, o mesmo imediatismo se aplica ao carinha que vc esta ficando, não ta legal, tchau! Um novo link aparece logo! A gatinha esta muito manhosa? Encheu o saco? Ciao , vou me conectar em outro site. E por ai vai.
Bom, no furor dessa conversa disse que queria andar na contra mão dessa onda. Que se fosse pra me apaixonar iria fundo, que esse imediatismo vai deixar um país de velhos em breve! Disse que não se trata de me apaixonar pela primeira que vier. Mas que a gente se policia muito e não faz o que tem vontade mesmo. Seja mandar um sms, um email, ou ligar, marcar um cinema, um sorvete na praça, o qualquer coisa que nos pareça ridícula! O flerte é um tanto ridículo! Pelo menos a gente se sente às vezes. Enfim, que se acontecesse eu não iria vir com esse tipo de papo “ agora não”.
Pois num é que mordi a língua!
Sem querer, sem nada acontecer, mesmo antes de acontecer já deixei claro que não to afim. Bati a porta na cara mesmo! Diferente de uma menina que tenha maiores afinidades e que a convivência me dê uma certa esperança ( ou não) de alguma coisa acontecer, essa era uma menina que conheci na balada, que poderia sim rolar alguma coisa mais forte, mais séria, mas que por algum motivo inexplicável eu tesourei de cara.
Seria os 30 anos ou a idéia de que ninguém quer nada serio?
Fiquei pensando nisso e acho que como já havia dito anteriormente, no post “ Tempo do Amor” , o timming de um amor, de uma paixão , ou de qualquer coisa que não seja só ficar, é outro completamente diferente desse frenesi virtual, dessa pressa do novo, das inúmeras possibilidades que imaginamos. A coisa acontece bem mais lenta. Leva tempo. Particularmente, quero conhecer com calma. Saber o que ela gosta, o que detesta, o que faz a garota sorrir o que faz chorar. Enfim, conhecer aos pouco até sentir de fato alguma coisa. Uma mina de balada é muito fácil dizer não quero nada, não sinto nada.
Bom, reformulando meu discurso então: Não quero nada sério enquanto não sentir que de fato gosto de alguém. E se sentir vou dizer sem culpa.

Mas ainda acho que esse lance de “ não quero nada agora’ é um pouco boicote e em breve quem diz isso também acabará mordendo a língua!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Festa da Democracia

Coisa feia! Esse mês postei muito pouco aqui. Tudo bem, foi por boas causas.
Semana que vem é a “festa da democracia” nacional, como dizem. Pra muita gente é uma verdadeira festa mesmo, com boca livre e tudo! Mas de crítica aos políticos todo mundo está de saco cheio e cansado de receber por email a lista “dos ficha suja”, dos candidatos medíocres, engraçados e afins.
O lance é que fiz uma declaração outro dia que rendeu muita discussão. Disse que vou votar na Marina por ser a candidata que mais se encaixa com que penso, mas pra muitas pessoas vou dizer que votei no Serra. Maldita hora que abri a boca!
Os vermelhos me disseram que virei pelego, e os azuis que se não quero a Dilma não deveria votar na Marina. Faltaram os verdes me dizendo pra assumir de vez o voto!

A Mariana me convenceu durante uma serie de entrevistas que o Jornal da Globo fez. Durante uma semana os candidatos tiveram o mesmo tempo pra responder as perguntas e ela mandou muito bem.

Eu tenho uma visão um tanto romântica quanto a política, governo e governantes. Todas as causas, partidos, movimentos, etc., me parecem lutar por suas idéias, objetivos e interesses individuais. Repito, todas. Pra mim um governo deve ser dirigido para o bem coletivo. O bem de todos. De que me adianta conseguir uma linha de credito no banco se vou ser assaltado na primeira esquina porque alguém não teve a mesma sorte do que eu na vida? De que adianta votar numa pessoa que, pra mim vai ser interessante e pro resto do país não.
Vivemos num território continental onde o coletivo há muito foi esquecido. Em determinado momento foi perguntado para a Marina sobre o Acre. Alguém sabe onde fica o Acre? Alguém já foi pra lá? Pra mim sempre foi um lugar que imagino não ter nada alem de terra e índio! A Marina foi duramente criticada sobre seu governo no Acre. Disseram que os números sobre educação, segurança, saneamento básico, eram lamentáveis. Mas como estava isso antes? Antes era só terra e índio! Imagino eu. E os indicies de lá do Acre se comparados com alguns daqui do Sudeste se igualavam. É muito fácil apontar pra onde o Brasil quase nem é Brasil. E pra mim, o Brasil todo tem que ser como o sul e sudeste. Ter no mínimo a mesma infra estrutura.
Quando saí do país que percebi o quanto a gente é atrasado pra algumas coisas básicas. Transporte decente, por exemplo: Aqui você encontra um toco de concreto amarelo no meio da calçada e aquilo é o ponto de ônibus. Horário? Banco pra descansar? Cobertura? Tudo luxo. E ainda tem que rezar pra um ônibus passar. Outro exemplo, lixeiro: Aqui tem 3 peões que se arriscam correndo atrás de um caminhão, jogando sacos que nem Deus sabe o que tem dentro. Tem lugar lá fora, deu no Fantástico, que tem sistema de coleta a vácuo! Você abre um compartimento e o saco é sugado direto pra estação de tratamento por um sistema de canos subterrâneos. Coisa de louco!
Já escutei comentários também, que nenhum gasto com o bem estar coletivo deve ser visto como gasto. No mínimo investimento.
Pois bem, a Marina tem a mesma idéia. Acredita na educação como meio revolucionário, no desenvolvimento sustentável e mais um monte de coisas que batem com que acredito. Num primeiro turno, quero ter a liberdade de votar em quem acredito que vá lutar pelo bem do coletivo. Não quero votar no meu umbigo e continuar na mesma nóia.
Mas pra algumas pessoas vou falar que voto no Serra. Seria demais pra elas pensarem tão socialmente assim. Principalmente se tratando de empresários e pessoas voltadas ao financeiro pesado. Pra essas, a Dilma continuará com essa política de bolsas disso e daquilo, o que gera uma corja de vagabundos sustentados pelo governo. E o pior, fazendo filhos!
Se fosse pensar no meu, votaria no Serra mesmo. Sou empresário, tenho muita divida no banco, quero mais que a economia vá pra frente mesmo. Não concordo com o PT que aí está. Mas penso no coletivo. Se estiver bom pro outro vai ficar bom pra mim também. Todomundojuntomisturado!
Nesse primeiro turno não quero pensar no meu individualismo medíocre. Quero acreditar num país próspero mais que minha conta bancaria cheia.
Dividir para somar.

sábado, 25 de setembro de 2010

Opostos

E os opostos? Será que se atraem?
Até que ponto a diferença é suportável?
Escutei uma historia que alguém escutou de uma senhora de idade pré histórica muito sábia: precisa ser diferente, o igual cansa.
E diz que o ensinamento da velha era longo. Dentre as falas ela afirma que é importante admirar o diferente. Ser ignorante e aprender sobre o assunto do outro é interessante.

Bom, pensando bem, se convivesse com alguém igual a mim brigaríamos o tempo todo.

Pensando em São Paulo, é impossível não ser plural. No interior, numa cidade de 30 mil habitantes, todo mundo “currrrrrte a mema coisa”, salvo uns 5 %. Dos 30 miR quantos saem na noite? Uns miR no máximo!
Na capitaR oce pode ir no Vila e se sentir no Texas. Pode ir ao Samba e conhecer os bambas, pode ir bater cabeça no roque, funk, jazz, rap, eletrônico... Na mesma proporção de variedades de baladas, temos as pessoas. Tão diferentes quanto.
Meu trabalho proporciona conhecer um numero muito grande de pessoas. De casal gay, personal, estudante e DJ à velhinhos, empregadas, solteirões, pensionistas... Uma galera!
Existe uma nóia coletiva onde todo mundo desconfia de todo mundo. Eu acho que todo mundo tem alguma coisa pra acrescentar. Eu sinto quando a pessoa não é do bem. Já fui assaltado e agredido sei bem o olhar de alguém mal intencionado.
Não aprender com essa variedade cultural é burrice. Viver nas “tribos” como se fosse a verdade absoluta é muito pequeno e estúpido. Acaba sendo estúpido, na verdade. As tribos se agridem. Muitas vezes fisicamente.
Acredito na diferença ser um fator que une desde que ambos estejam dispostos a conhecer o mundo um do outro.
Agregar, dividir para somar, compartilhar, reunir, renovar.
Se ambos se interessarem pelos assuntos até então ignorados e descobrirem porque o outro gosta tanto, é o melhor caminho pra se ter uma convivência duradoura, pacifica e promissora.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Partido

Blah!

Preciso vomitar.
Vomitar um sentimento que fui obrigado engolir como quem apanha e não pode chorar.
Como quem abafa a explosão de uma granada com o próprio peito. E agora, esse bolo que fica entalado entre o coração e a garganta precisa sair.
É duro descobrir que quanto mais adolescente você se sentir quando gosta de alguém, mais próximo pode estar de um amor que não existe. Bom, pelo menos não dá para acreditar que do outro lado a infantilidade seja a mesma.
Acreditar naquele amor que tivemos no começo de nossas vidas e deixar toda experiência de lado é tão doloroso quanto fim do primeiro amor. Pois na época pensávamos ser para sempre, imaginávamos envelhecer juntos. Um gigantesco mundo imaginário que se desfaz como bolha de sabão. Puf!
Dessa vez não foi assim. Não construi uma paraíso imagético. Não deixei de escutar meu coração, de pensar na possibilidade de ser carência, de não dizer o que não fosse verdade. Fui educado, respeitoso, e me senti seguro para perder o chão. Pronto para me atirar em um mundo novo. Cagando de medo como aquele adolescente, mas com toda a segurança de uma vida! Puf!
Como uma bolha de sabão, levei uma alfinetada e sumi.
Não importa tentar achar meus possíveis erros e falhas, nem me perguntar se deveria ou não jogar o velho “jogo da sedução”. Sei que agi da melhor maneira possível. Da mais pura e despretensiosa. Curti demais o sentimento dentro de mim e fiquei feliz descobrindo que sim, um dia vou amar de novo! As perguntas que estão na minha cabeça são outras.
Será que o mundo vive uma introspecção conjunta? Será que todos querem ficar calados, fechados e sozinhos? Viva o “me deixe em paz”?
Dizem que daqui pouco tempo o Brasil será um país de velhos. Ninguém tem mais “coragem” de ter filhos! Exageros a parte, podemos ser vítimas da nossa liberdade. Acreditar na possibilidade de encontrar o grande amor na próxima esquina como quem descobre um site irado pra baixar musica. Corremos sim esse risco de ficar sozinhos e sofremos aos domingos. Não? Nunca? Bom pra você! Eu não sou um depressivo mal humorado solitário, mas alguns desses domingos sinto falta do aconchego, assumo.
E nessas horas pensamos se um dia vamos encontrar um grande amor, viver uma grande historia, dizer que amamos de boca cheia.
Até lá vamos vivendo as desilusões, os fins, os não-começos! Perigando tornamos tão frios quanto um boneco inflável.
Volto a pensar que ninguém merece meu sentimento, que agora ficará guardado como sempre esteve. Esperando alguém com coragem suficiente.
Só a Mulher-Mavilha! Rsrsr!
Blah! Pronto. Vomitei. Alguém tem uma bala de menta?

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Então, ele disse não

Então, ele disse não.
Não iria desejar o corpo, não mais sonharia com possibilidades.
Não estava pronto, não se sentia preparado.
Não era a hora certa, era dia errado.
Não diria palavras confortantes.
Não seria mais amante.
Não queria, não sabia.
Então, ele disse não.
Não passaria noites em claro.
Não se embriagaria no meio da semana.
Não dormiria na mesma cama.
Não deixaria recados, não tocaria a campainha.
Não cometeria outros pecados, não seria namorado.
Não queria, não sabia.
Então, ele disse não.
Então ele repetiu:
Não, não, não, não, não...
Até se convencer.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Educação

Pra mim, o maior de todos os problemas do Brasil é a educação. A ignorância é tanta que a coroamos com o chamado “jeitinho brasileiro” de ser. Cometemos infrações diariamente e sentimos um prazer egoísta com isso.
Estava vindo para São Paulo via Bandeirantes, considerada a melhor rodovia do país, numa noite movimentada de segunda-feira. O limite de velocidade nessa rodovia é de 120 km/h. Para termos uma habilitação é preciso passar por exames teóricos e práticos e todo motorista, sem exceção, sabe que acima de 120 km/h é infração grave. Para fiscalizar foram instalados radares que ficam escondidos atrás de viadutos e placas.
Tudo daria certo e todos teriam mais chance de chegar vivos ao destino se essas regras fossem respeitadas. Questão de educação. Sabendo onde ficam os pontos de radares muitos motoristas aproveitam para pisar no acelerador. É regra, aprendemos que a pista da esquerda é para veículos mais rápidos. Mas isso não nos dá o direito de ficarmos colados na traseira de outro carro, dando farol alto, e obrigando-o a sair de nossa frente como se ali fosse uma pista de corrida ou que fosse de exclusividade nossa. O incrível que essa é a regra. Acostumamos-nos a sair da frente quando mesmo acima da velocidade permitida, quando outro motorista nos cega com um farol alto e gruda atrás de nós, devemos tentar manter a calma e mudar de pista. No meu caso inclusive, não se tratava de uma pista vazia, pelo contrário, estava cheia e lenta devido a obras. Quando se trata de uma viatura, usam-se faróis diferentes, giroflex, piscas, e quando é uma emergência particular também ligamos as luzes piscantes, buzinamos. Fora esses casos, nenhuma pressa justifica nossa vaidade de querermos ultrapassar todo mundo, acelerar nosso possante e que o mundo saia da nossa frente. Não é assim, não aprendemos isso na auto-escola, mas é assim que funciona. Falta de educação.
Pra começar, a educação de casa. Essa coisa irracional que vivemos hoje começou lá trás. O exemplo que tivemos. Ou a falta dele. Birra de criança mimada se reflete em comportamentos infantis e egoístas no adulto. O “não” é inaceitável e o “meu” idolatrado. Já vi muita criança mandando a mãe calar a boca ( literalmente) e para minha surpresa , não ser nem repreendida por isso. Ora, se perdemos o respeito até com a própria mãe não vai ser uma plaquinha de transito que vai nos limitar. A educação informal é de responsabilidade da escola agora. Pagamos caro para que nossos filhos tenham uma boa educação e achamos um absurdo eles não se comportarem direito à mesa! Papéis totalmente invertidos.
Isso é só um pequeno exemplo de como nos acostumamos com ignorância. Como se tornou comum não respeitar, não só as leis, mas o próximo. O senso de civilidade perdeu-se em algum lugar. É preciso retomar as rédeas da educação dos nossos filhos, ter maior responsabilidade para procriar; Educarmo-nos para poder educar, assumir a culpa de termos um país corrupto e que não se preocupa de fato com o bem estar de uma nação. Precisamos ser mais ativos na sociedade e amá-la, fazer parte.
Já reverenciei o “jeitinho Brasileiro”. Hoje quero ter orgulho de dizer que sou Brasileiro, mas não acredito que vá dizer isso com plena satisfação nessa vida.

sábado, 24 de julho de 2010

Ciúmes virtual

Conheço a história de um casal recém casado que tiveram uma briga feia logo no começo. Diz que a noiva estava arrumando o armário novinho do quarto novinho da casa novíssima. Esperaram a casa ficar pronta antes de marcar a data de casamento.
Grande parte da mobília foi dada pelos padrinhos e parentes mais próximos. Tudo cheirava embalagem nova, tinta fresca e a rotina ainda não estava totalmente formada.
Ela foi colocar o edredom king size no maleiro e achou uma velha caixa de sapatos fechada com fita crepe quase sem cola. Não era dela e só poderia ser do marido. Pensou em não abrir, mas o que seria aquilo no maleiro? Porque teria guardado ali? A fita não lacrava muito e a moça achou que não teria problema verificar o conteúdo da caixa. Antes estivesse bem lacrada. Eram cartas, fotos e recadinhos de antigas namoradas. As fotos amareladas com declarações no verso doeram mais.
Tiveram uma discussão e o argumento usado pelo noivo foi simples: Mesmo queimando tudo aquilo as lembranças sempre existiriam. Dentro da caixa guardava lembranças e não os sentimentos que um dia teve por aquelas pessoas. Depois de um tempo ela entendeu.
Tem um caso que é meio corriqueiro. A mulher encontrar o cara com umas playboys babando em mulheres inatingíveis. Não que a mulher pense que seu homem vá correr atrás delas e/ou ter alguma coisa com elas, mas ela se compara. E fica insegura pensando não ter todos os atributos necessários para agradá-lo.
Nos tempos de hoje temos o MSN causando discórdia! Mas diferentes das antigas revistas ou de uma caixa de lembranças, pelo MSN a mulher responde! A insegurança é muito maior e dessa vez com razão. Nenhum homem imagina sua mulher conversando com um monte de carinhas, mas a maioria deles tem sua listinha de paquerinhas virtuais, que não dá em nada na maioria das vezes, mas estão presentes na imaginação deles e isso assombra qualquer boa relação. Sabemos disso. O Homem gosta da conquista e virtualmente ele se expõem menos. Ou pensa que assim o faz! Discreto é uma coisa difícil do homem ser!
Para evitar maiores problemas, fica a dica: preste atenção na mulher que está do seu lado na vida real para não acabar na mão. Literalmente!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Biocombústivel

Depois de 43 anos de estudo e dedicação, a formula finalmente ficou pronta. Reciclando o próprio lixo e acrescentando alguns produtos de fácil aquisição, Geraldo Azevedo, técnico supervisor do Instituto Tecnológico de Bicombustíveis, desenvolveu o álcool caseiro.
O teste foi feito com um motor simples montado numa bancada. Azevedo entrou na sala de testes com um vidro cheio de um liquido translúcido, mas não totalmente transparente como o álcool. Despejou o liquido no pequeno tanque do motor, bombeou um pouco uma manivela e deu partida. Funcionou perfeitamente.
Trata-se de um composto extraído do lixo decantado e que não agride, em tese, o meio ambiente.

Quando li a noticia não acreditei. Acreditei menos ainda quando ao ligar a TV logo de manhã, a Ana Márcia estava com o tal Azevedo pronto para passar a receita do álcool caseiro.
O programa tem um papagaio que comenta tudo e dizia que o “álcool caseiro era igualzinho que a dona de casa encontra no posto”.
Todos vestiam jaleco branco, luvas e óculos protetores. Azevedo começa explicando que a pessoa deve separar o lixo orgânico do reciclável e todo esse lixo orgânico vai pra dentro de um tanque, que em casa pode ser feito com uma caixa d’água. Depois de cheio, esse tanque fica tampado por três meses. É feito um amassamento daquela pasta fedorenta como se fosse uva virando vinho. A Ana Márcia vestiu umas botas que iam até a cintura e se meteu naquele tanque de lixo junto com o cientista maluco, e começou a sapatear. Lamentável, diga-se de passagem. Por uma torneira escorria o resultado.

Depois do intervalo todos estavam no estúdio com um vidro cheio daquele liquido estranho. Colocaram numa máquina destiladora feita com escorredor de macarrão e filtro de papel. Depois colocaram alguns produtos que não me lembro bem, diziam “temperar” a mistura. Algo como hidróxido de sódio, dióxido de hidrogênio, eu estava muito atordoado com tudo aquilo. Sei que depois, a coisa toda foi para uma centrifuga dessas de secar salada. O Azevedo aparentava nervosismo e dizia que “esse processo é o segredo, são varias voltas rápidas por trinta minutos”. A Ana do lado dele explicou que já haviam feito antes, pra ver se dava certo, vários litros que estavam bem ali do lado.
_Então Geraldo, só pra dona de casa entender o processo da centrifuga – E lá foi Ana botar a mão onde não devia- A gente coloca o liquido temperado nos copinhos, olhas só, mostra aqui câmera, ele colocou esses copos de requeijão um do ladinho do outro aqui dentro, ó. Aí a gente enche os copinhos... Ele calculou gente, um litro por vez. Tampa assim, cuidado viu gente. Começa de vagarinho e gira, gira, gira, gira e solta. É assim Azevedo?
_Isso Ana, quando você solta a centrifuga ainda fica girando você vê? Antes de ela parar completamente você volta a girar com força.
_Vamos lá então: gira, gira, gira...
Explodiu!
Imediatamente entrou o símbolo da emissora e por 3 horas nada aconteceu.
Foi a maior audiência registrada no planeta. Praticamente todo televisor ligado no Brasil estava com o tal símbolo. Todos esperavam saber o que havia acontecido. As outras emissoras mandaram as equipes de reportagens. Não se falava de outra coisa. Tive que ir trabalhar e acabei esquecendo a coisa toda, afinal era só um programa de culinária.
Hoje, quando liguei a TV estava passando desenho.
_Já era a Ana- pensei- pela primeira vez o programa de culinária fritou a apresentadora!
“Bora”, trabalhar.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Amizade Colorida

_Amizade colorida? Isso eu falava no tempo de escola. No tempo que ainda era primário, ginásio e Colegial!
_Mas ela é minha amiga, só que a gente fica.
_Então são ficantes, oras!
_Não. Ficante é quando fica com uma mina na balada e fica ficando. A Manu eu conheço desde uns 2 anos de idade. A gente ficou quando eu briguei com a Gabi. Era consolo de amiga. A gente se beijou de língua, mas era amizade. Difícil de entender. Amizade Colorida.
_Mas toda amizade é colorida. A vida é muito monocromática sem amizade. Não existe amizade em cinza. Cada amigo pode ter uma cor especifica, mas quando unidas, misturadas, duas pessoas de cores diferentes tornam a vida colorida. Hoje, é pejorativo dizer que uma amizade é colorida porque se leva tudo “por trás”, mas amizade é multicolore!
_Salamé Míngüe! Eu não vou me casar, não vou ter filhos com a Manu.
_Será? Você já comeu que eu sei.
_Nada a ver! Não amo a Manu.
_Mas é pra ela que você corre. Já parou pra pensar como seria sua vida sem ela e se conseguiria continuar daqui pra frente sem ela?
_Ficantes nós não somos também. A gente se vê praticamente umas 3 vezes por ano. Quando a gente se vê acaba ficando, mas ela namora... eu também to enrolado aqui com a Karine, você sabe.
_Então é sacanagem pura!
_Não é não, porra! Você é muito otário! A gente é amigo. De verdade. Falo com ela todo dia. Sabemos tudo um do outro. Só que ela não mora aqui, fazer o que? Se morasse seria como você, tipo um brother.
_Éca, ta afim de me dar uns beijos também agora?
_Puta que pariu, véio, pára de zuar. É sério pô.
_Sério é você negar que o amor da sua vida é a Manu. Você fica de boa porque fala com ela todo dia, como você mesmo falou. Fica lá no MSN pagando de amiguinho querendo mesmo é catar a mina. Se liga bro! Quantas minas você já perdeu porque você ficava mais com a Manu na net que com as minas na cama? Ta perdendo tempo.
_Catso meu! Então o que ponho em “relacionamento”?
_Sei lá. Deixa sem nada. Porque você precisa dizer pra todo mundo do Facebook que você tem um relacionamento?
_Pra Manu não achar que estou mal e...
_Manu, Manu, Manu, pára meu! Desencana. Ou encana de vez. Ficar nessa onda aí eu não tenho saco não. Agora bóra pra balada que as minas estão esperando.
_Vamo ae.

Logout.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Olho no dedo.

Quando abri os olhos de manhã senti um choque no interior do cérebro. Provavelmente foi a conexão que tive que fazer para entender que agora meu olho esquerdo estava na ponta do dedo indicador da mão esquerda. Foi difícil enxergar duas imagens ao mesmo tempo. Senti-me assistindo “24 Horas” e o mundo virou multi-tela! De um lado eu via o lustre sem a tampa de vidro no teto do quarto, do outro a ponta do meu dedão do pé descoberto.
Ergui a mão e o movimento me deu náusea. Fechei o olho direito. A visão era meio tremula. Fechei o olho do dedo e abri meu olho direito. Estava tremendo. Fechei todos os olhos até que tudo ficasse escuro. Seria um sonho? Abri o olho esquerdo e vi meu queixo. Estava com as mãos sobre o peito sentindo meu coração acelerado. Respirei fundo e apontei meu dedo. Interessante. Parece um filme, câmera subjetiva. Como se fosse steadicam.
Posicionei o braço de maneira confortável e lentamente fui girando o pulso até olhar pra meu rosto. Vi meus olhos fechados. Abri o direito lentamente e o esquerdo movia-se exatamente do mesmo jeito. Quando abri meu olho direito o esquerdo também se abriu. Porem a imagem que meu cérebro codificava era do olho na ponta do meu indicador. Meu olho esquerdo da face era apenas uma cópia do direito.
Aproximei meu dedo do olho esquerdo. Vi meu olho. Aproximei meu dedo do olho direito. Vi minha alma!
Era como colocar dois espelhos frente a frente e ver a imagem multiplicar-se infinitamente, mas o resultado dessa multiplicação era eu mesmo. Eu e as minhas infinitas possibilidades. Fiquei encantado e me perguntei se Narciso sentia o mesmo ao contemplar-se.
Abri a boca. Coloquei o dedo dentro, mas estava escuro. Quando acendi a luz do banheiro e me olhei no espelho me senti vendo uma foto dessas de Orkut. Onde a pessoa segura o celular ou a câmera e tira uma foto de si. Só que era minha mão! Dei risada, era muito divertido.
Estava com os dentes sujos e a garganta querendo inflamar. Era ruim quando sem querer encostava meu olho em algum lugar molhado. Minha respiração atrapalhava um pouco também. Mas a sensação da saliva no meu olho do dedo era tão enervante quanto alguém cuspindo ou pingando um colírio. Muito chato.
Tomar banho também não foi nada fácil. Entrou espuma e ardeu. Era inevitável usar as mãos do mesmo jeito que sempre usei. Esquecia que estava com um olho no dedo. Quando peguei a toalha, raspei meu olho e ardeu muito.
Dirigir foi quase catastrófico! Não podia abrir o olho do dedo se não perdia o controle do carro. Foi bom quando parou o trânsito. Colocando a mão para fora do carro consegui ver bem mais à frente e desviar de alguns inconvenientes.
Eu tentei trabalhar, mas como digitar? Nem de olho fechado. Tentei segurar o dedo com um elástico, estava ficando ridículo. Inventei um mal estar e liguei para a Solange. Ela só trabalha depois das 18 horas nas segundas.
Quando cheguei a casa dela contei toda historia. Ela deu um grito quando abri meu olho do dedo e olhei para ela. Depois riu. Disse que era bonitinho. Imaginei milhões de coisas que poderia fazer com ela e meu dedo! Tantos novos lugares para explorar. Ela beijou meu olho segurando minha mão. Sugeriu que abrisse um vinho enquanto tirava o almoço do forno.
Quando fui abrir o armário a chavinha caiu e foi parar debaixo do sofá. Foi fácil achá-la usando meu olho do dedo. Peguei o vinho com a mão direita. O lacre de metal atrapalhou e quando fui usar o saca-rolha acabei furando meu olho do dedo. Embrulhei o dedo todo num guardanapo e corri pra cá.
Fizeram um curativo decente e pediram para aguardar.
Até pouco tempo atrás estava com uma vista no escuro. Agora estou enxergando normalmente.
_O que acha doutor?- perguntei enquanto ele abria o curativo.
_É uma piada, senhor?
_Não, não é. Deveria consultar um Oftalmo?
_Se tiver um olho na ponta do seu dedo você deveria consultar uma emissora de televisão. Como não é o caso, acho que o senhor deveria consultar um psiquiatra.- Disse cortando o ultimo esparadrapo.
Fiz cara de susto quando vi meu dedo normal novamente.
_Teremos que dar uns pontinhos aqui. – Disse o doutor – O senhor é ator? Quase acreditei na sua estória.
_Sou escritor - Respondi mentindo minha real profissão - _ Minha visão escorre pelas pontas dos meus dedos!
“Piadinha infame”- pensei- “Baseada em fatos reais”!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Mulher Jibóia

Nove meses e meio e nada. Estava com a barriga explodindo e nem sinal da criança.
Samuel indagou-se do possível problema, mas Bárbara nunca apresentou nenhum. Na verdade nunca esteve melhor. Inclusive na intimidade.
Quando chegaram aos dez meses de gestação conversaram e decidiram deixar a vontade de Deus acontecer. A barriga crescia naturalmente e o máximo que poderia acontecer era a criança nascer criada! Eles gargalhavam com a piada deitados nus, felizes.
Samuel surpreendeu-se descobrindo que sua atração por Bárbara crescia tanto quanto.
Bárbara preenchia a cama toda quando chegaram aos quinze meses. Samuel já não podia dar prazer como sempre deu. Era incrível como meio braço cabia dentro dela e ainda assim a cabeça do bebê parecia distante.
Resolveram desmontar a cama e o armário e forrar o chão com colchões. Bárbara ocupava praticamente meio quarto quando chegaram ao vigésimo terceiro mês. Samuel conseguia introduzir uma perna até pouco acima do joelho em Bárbara. Era preciso colocar um travesseiro na boca dela quando se amavam, pois o prazer era tanto que os gritos eram inevitáveis. Ela sempre pediu e sempre comandou. Dizia que sentia o quanto Samuel deveria entrar.
No dia em que a gestação completou dois anos, Bárbara pediu que entrasse com a cabeça. Um desejo que Samuel escondeu e que de escutar, ejaculou. Tomou banho raspou os pelos do corpo, fez a barba e raspou o cabelo. Escalou a barriga macia de Bárbara, sentiu o teto do quarto frio quando o tocou com as costas antes de descer e atravessar as enormes mamas e finalmente encontrar o rosto de sua amada. Deu-lhe um beijo demorado e percorreu todo o caminho de volta.
Antes dele entrar, Bárbara disse amar Samuel.
Mal encostou a cabeça e foi sugado. Mergulhou em Bárbara e nunca mais saiu.
Sabe-se que depois de dois anos Bárbara voltou ao seu tamanho natural. Tentou voltar para a velha rotina, mas teve que mudar-se. Na pequena vila onde morava ficou conhecida como Mulher Jibóia.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Check-in

Tinha um armado, o carro foi cercado, acertaram o Luis e pegaram o Antonio.

Fiquei com duas sacolas.

_Primeira classe, só ída.
_Forma de pagamento, Senhro?
_Dinheiro. Ele está um pouco sujo, tudo bem?

Ficantes

Segundo um artigo publicado pelo psicólogo britânico Pam Spurr no tablóide Daily Mail, o namoro tem prazo de validade. Para ele, casar-se muito cedo, levado pela paixão, pode ser perigoso. Entretanto, o namoro não pode durar mais de três anos, pois após esse prazo corre o risco de acabar antes do matrimônio.

Pois bem, sabendo disso, pergunto: E os ficantes? Também tem prazo até tornarem-se namorados?

É chegado um momento onde o a faísca inicial ou explode a bomba ou apaga.
Depois de muitas baladas, festas, esquentas, saideiras e afins, finalmente rolou aquela química, aquela atração, aquela troca de olhares e o beijo. Uma noite inesquecível e que culminou em sexo e prazer mutuo.
Fim de semana seguinte um novo reencontro. A curiosidade é o que move os dois corpos que dias atrás estiveram juntos e precisam saber se ainda se querem.
Rola gostoso de novo. E aí o racional já começa a piscar o alerta.
É de comum acordo ser ficantes. Continuar essa coisa boa que aconteceu e que não acontece toda hora. Com calma, conhecendo um ao outro e curtindo o momento.
E o que significa ser ficante de fato?
Duas pessoas que se beijam, transam, dormem juntas, mas que são amigos. Apesar de existir uma intimidade, ainda assim, não existe qualquer garantia que aquilo se transforme numa paixão ou num namoro.
Aí, tentamos segurar os sentimentos acreditando que sem compromisso tudo será mais fácil. Não devemos satisfação um ao outro, não temos nada. E nesse ponto nada mesmo: A amizade fica abalada com o suposto romance e vice versa. Ninguém sabe nada no fim das contas!
Passados 3 meses o que acontece?
Cansa! A gente se cansa daquele famoso “chove, mas não molha” e fica se perguntando se “desse mato sai coelho”! Afinal, friamente falando, depois de certa idade não estamos mais dispostos à casinhos. E se de casinhos estamos afim, que venha o próximo.
Se a teoria fosse igual a pratica seria lindo. Não é.
Acontece que o coração começa bater diferente e uma serie de questionamentos surgem para colocar em xeque o sentimento. Como já vivemos outros relacionamentos não queremos repetir os erros. A pretensão é de acertar, não se ferir muito e tentar não magoar ninguém. Pretensão.
Mas se envolvidos estamos nada é muito sabido. Não há teoria que desvende o que acontece com duas pessoas que se envolvem. Cheiros, tato, voz, pulsação, química? Acontece. Sempre foi assim. A gente fica esperando acontecer e quando acontece insistimos em não querer. Eterna insatisfação
Enquanto não escolhermos, as possibilidades são infinitas. Como um novo site, um novo canal, uma nova musica. Dizem que o homem toma as decisões mais friamente e a Mulher mais emocionalmente. O que define continuar ficantes ou namorar? Será uma luta onde a paz se encontra com o racional de um e o emocional do outro? O mix das duas coisas? Uma simbiose com um período indeterminado para terminar ou a transformação completa em um único ser? E tantas outras perguntas cabeludas que só Deus sabe!
Deixar o coração falar é difícil. Mas só ele tem as respostas para todas estas questões.
Resta saber se você esta disposto à isso!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Da saga Sr.Sincero

Dei-me conta que estava pensando numa pessoa que chamaremos aqui de Maria.
Dez anos depois nos reencontramos. Um misto de alegria e lembranças agitadas.
Minha lembrança mais recente era Maria enfurecida me mandando embora aos berros depois de uma balada que ela foi embora e eu e o João, namorado dela na época e meu mega parceiro de republica, de sala, de boteco, mega brother resolvemos ficar e tomar mais umas saideiras. Chegando na casa deles Maria estava na porta. Bate boca. Foi super engraçado e tenso. Dei risada no carro.
Depois de uma festa onde nos reencontramos e trocamos contatos, começamos a nos conhecer novamente e depois do episódio “borrachada” acabamos numa balada muito interessante. Uma noite irada, com muita risada e som legal.

Inevitavelmente essas lembranças recentes permaneceram na retina e acabaram com qualquer resquício de conflito do passado. O que me deu uma sensação boa e uma saudade momentânea do fim de semana que passou. Passei o dia tendo flashs da balada e lembrando-me da Maria e da Matilde, das risadas, das coisas ditas. As noites boas causam isso em mim. Uma nostalgia precoce!

Mas que perigo dizer isso! Não só para as duas que saíram comigo pela primeira vez, mas pra qualquer outra que você conheceu e saiu há pouco tempo. Invertendo os papéis, se a Maria me diz que passou o dia pensando em mim, o que eu iria pensar? E com qual cabeça pensaria?!

Venho gritando aos sete ventos que devemos ser sinceros com o que sentimos. Que devemos olhar para dentro e entender o que o coração diz e não negar isso. Não devemos fazer o jogo da sedução e deixar tudo às claras. E agora me ponho à prova: Como não jogar e ser sincero se o simples fato de sentir saudades pode ser visto e interpretado por N ângulos?

Que fique claro agora antes de qualquer mal entendido: Não “tenho” nada com a Maria nem saímos com a intenção de “ter” alguma coisa.
Estamos nos conhecendo e criando uma amizade. Não é assim que se faz? Ou estamos tão virtuais que esquecemos como relacionarmos?

Ponto esclarecido volto a perguntar: E se fosse a Maria que tivesse me dito que passou o dia pensando em mim?
Pensaria que realmente o passado ficou e que uma nova amizade começou bem. E que foi tão bom pra ela quanto foi pra mim. Sem grilos. O que fosse dito daí pra frente é que iria determinar se estaríamos caminhando pra uma amizade ou um romance.
Como já aconteceu.
Assim como já aconteceu de eu não pensar isso. De achar que uma paixão estava acontecendo. De pensar “ai meu Deus, fodeu”! “Olha o grude carente chegando!”
Assim como EU também já fui um grude carente! Nessa vida amorosa passamos por todos os papeis, acredite.
Então, ser ou não ser sincero?
Escolho ser:
André Diz: Maria, estive lembrando do fim de semana, passei o dia pensando em você. Pode parecer cantada barata mas é verdade.

Maria diz: mas sinto informar q vc não pode ter esperança nenhuma em relação a um xaveco
Vamos aumentar a amizade e curtir sempre.
Andre diz: Foi o que eu disse, pode parecer, mas não é xaveco não.

Aí é pagar o preço de ser sincero meu amigo(a)!

O papo com a Maria foi em tom descontraído, nada sério. Mas a resposta é a mesma que qualquer pessoa hoje em dia daria, inclusive eu, que poderia ficar quieto, mas me pareceu egoísmo não compartilhar um sentimento bom.
Difícil né?
Continuo na saga Senhor Sincero!

AH! Meninas: Foi bom pra cagaio, deu saudades e quero mais! #prontofalei !

(Todos os nomes desse post sao ficticios)

terça-feira, 13 de julho de 2010

Golpe da barriga

Estávamos conversando na cozinha sobre o fim de um namoro de uma das duas e:

_ Eu falei pra ele: Você se cuida hein! Presta atenção! Vai arrumar a primeira bundinha bonitinha e engravidar.

Eu e a outra ouvinte fizemos a mesma expressão que o ex em questão deve ter feito.

_ É verdade gente! Tem um caso conhecido até, de uma mulher super bem de vida, que tinha um relacionamento com um cara, também, muito bem de vida... Ela com uns 40 e poucos e ele já 50tão. 14 anos de relacionamento e o cara saia ha 5 com uma menininha de 16 anos e engravidou a menina. E pense, ta lá com a menininha até hoje! Menina de favela eu to dizendo. Sem preconceito, mas ele teve de se mudar por conta da vergonha.
Tem o caso da Maria e do João... que o João largou da Maria e o primeiro rabo de saia que encontrou... uma menina nada a ver... engravidou. E depois com quem ele foi chorar as pitangas? Com a Maria! Ligou pra ela pra contar! Faça me o favor! Disse que estava arrependido. Que cagou na vida... Eu disse pro meu Ex: presta atenção!

_É fato- eu disse- O homem fica solteiro e a primeira coisa que quer é uma nova mulher.- Continuei- _ Carentão.

_ E tem muita mulher piranhuda que esta bem esperta viu, André! Dá o golpe fácil. Nós mesmas somos leais e não engravidamos, porque se quiséssemos você mesmo já teria um filho de uns 2 aninhos! – Disse ela meio que me dando bronca!

_É verdade, tem toda razão- E tinha mesmo.

Fica a dica: Preste atenção rapaz!

Borrachada

Meu coração bate forte e minhas mãos estão úmidas como o dia que amanheceu chuvoso depois de uma longa estiagem. Um árduo caminho percorre aquele que naturalmente vive em sociedade.
Hoje se fala muito em bulling. Estudei num colégio particular de padres. Não me lembro de outro negro na escola. Um dia os alunos puderam levar um brinquedo para escola e uma das crianças levou o mais cobiçado. Causou alvoroço e a professora organizou uma fila para que um a um pudesse brincar. O brinquedo era jogado em dupla, mas mesmo perdendo, o dono nunca se levantava. Quando chegou minha vez, ao ver o único negro da escola disse: Você não – me empurrou e com o cotovelo quebrei uma janela. Carrego a cicatriz até hoje. No corpo e n’alma.
Cresci. Aprendi a me defender. Briguei bastante. Não levava desaforo pra casa, era o que se dizia. E eram outros tempos. Não se andava armado como num faroeste, como é hoje. Era chute e soco e muito hormônio adolescente no ar. Por conta disso, muitas vezes perdíamos a razão. Antes vitimas, depois agressores. Inversão de papéis e sensação de injustiça.
Ultimo fim de semana fui para minha cidade no interior paulista para o aniversário da minha irmã. Coincide com o aniversario da cidade e todo ano nessa data acontece a Festa do Peão.
Durante o dia teve um churrasco na casa dos meus pais e minha Irma chamou os amigos para comemorar. Já de noite, me convenceram a ir à festa do peão.
Cresci nessa cidade, muitos amigos e lembranças boas quando me lembro de festas que fui. Numa cidade de 30mil habitantes uma festa como essa é um acontecimento. Indo a pé para festa, pensei que poderia encontrar algum amigo das antigas e poderia ser no mínimo nostálgico.
25 reais para entrar. Show do Milionário e José Rico. Coragem.
Cavalos e bois pularam com os escrotos amarrados, a arena se abriu e foi tomada pela população para assistir o show da noite. Viola vai viola vem, fomos para fora da arena. Tomando a terceira latinha resolvi ir ao banheiro. Vi o símbolo do homem e a palavra “Homem” logo abaixo. Banheiros químicos. Quando fui entrar reparei que só haviam mulheres. Perguntei se era feminino, mesmo estando escrito homem elas não souberam responder. Perguntei se poderia usar o banheiro já que estava ali e elas disseram que sim.
Quando estava usando o banheiro alguém bateu forte na porta. Abotoei a calça e ao abri a porta de i de cara com o segurança da festa esbravejando que ali era banheiro de mulher.
Disse para ir com calma que ali na frente estava escrito Homem, e que se não era pra usar que me desculpassem. Escutei a frase: E se fosse sua mulher que tivesse usando o banheiro?
O que? Ta louco? Olha ali – apontei para o símbolo - _ está escrito homem.
Você vai pra fora da festa – disse o segurança já empunhando um cassetete.
Outro segurança chegou já falando que eu iria sair da festa. Começaram me empurrar e eu tentei permanecer no lugar. Com as mãos baixas para evitar qualquer confusão maior:
_ seu guarda- estava de farda, mas era apenas segurança, mas foi o que me pareceu mais respeitoso- _Não quero causar confusão nem brigar, só quero esclarecer que no banheiro esta escrito homem, se errei me desculpe, mas não vou sair da festa por causa disso, não estou querendo confusão.
Você vai sair sim – cutucando-me com o cassetete.
Um outro segurança chegou e depois de mais algumas farpas trocadas ambos começaram me deferir golpes de borrachada. Fui agarrado e posto para fora da festa.
Indignado exigi falar com um organizador da festa. Fui empurrado por um outro segurança e ao cair no chão ainda levei alguns chutes. Ao me levantar a PM compareceu e ao invés de me ajudar me mandou embora ameaçando me bater mais.
Andando de volta para casa entendi porque tanta gente morre a toa. Quantas vezes já escutei que depois de uma “treta” fulano vai pra casa pega o revolver e volta atirando em todo mundo.
Lembrei do dia que fui empurrado na escola e cortei o cotovelo e de tantas injustiças que vivi. Lembrei das brigas de adolescente e que toda vez que revidei me dei mal. E dessa vez, nada que fiz justifica a atitude tomada por aqueles que deveriam me proteger.
Fui a delegacia, ao hospital, ao advogado e estou processando a festa. Nomes e lugares foram poupados justamente por isso.
No fim de tudo a pergunta que fica é por quê? Tanta coisa errada que acontece no mundo e o dialogo que deveria ser o começo de uma melhoria esta cada vez mais distante das bocas e dos ouvidos. Por falta de pratica uma hora ou outra acabaremos nos matando.
Agora só “quero que a justiça seja feita”, usando esse jargão que tantas pessoas injustiçadas proclamam nos noticiários diariamente.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Tempo Saudade

Saudades de aconchego, de afeto, carinho e cuidado é normal sentir. Mesmo tendo tudo isso, sentimos a necessidade de mais. Longe da carência esse sentimento é inerente ao homem. Precisamos de contato físico nem que seja com nós mesmos. Imagine quantas gerações sofreram privadas de até mesmo tocar-se, quanto mais o outro. Foi a tal da Igreja, quando ainda exercia seu papel ditatorial. Se é que ainda não o exerce.
Ontem mesmo disse para uma amiga que os sentimentos são iguais para todos, o que fazemos com eles é que nos difere um dos outros.
Toda essa necessidade de carinho pode transformar-se numa carência aguda, numa solidão amarga, um eterno querer sem ter. Podemos assim, ficar vulneráveis ao conflito emocional/racional, transformando-nos em presas fáceis para uma relação amorosa unilateral. Ou seja, podemos nos iludir com a primeira figura que aparece declarando uma certa atração.
Outros por sua vez, fazem dessa necessidade uma desculpa para acrescentar alguns nomes em seu plantel de sexo casual. Perde-se assim o foco até mesmo de si! Deixa os sentimentos de lado e engana-se com o prazer que o gozo proporciona e, como uma droga, deprime-se aos domingos ao ver a cama vazia.

O tempo do amor, da paixão, do algo mais, do brilho nos olhos e do coração palpitante, é um tempo diferente do que vivemos diariamente. Não se conta com relógios, não é possível dividi-lo em começo meio e fim. É mais lento, mais arrastado. É aí que mora o perigo! Aí que mora os conflitos e aí que é a causa de inúmeros terapeutas estarem com as agendas lotadas! Estar só virou cobrança social. Ninguém quer ficar só. Morrer num AP lindo nos jardins, mas só, como uma vilã de novela, é pesadelo não declarado da raça humana! Inventamos o namorido. Juntamos os trapos assim que a coisa fica mais “séria” na pressa de finalmente ter alguém em casa que nos dê todo o carinho, afeto, sexo, aconchego, amor, etc, que merecemos!

Sem pressa. Tempo para sentir a brisa na face, de sentir os cheiros, as cores, os sabores. Como folhas que balançam compassadas nas copas das arvores no fim de tarde. Tempo da maré encher. Do coração encher-se, da alma transbordar. É desse tempo que temos saudades!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Matinal

Por mais que eu tente me desvencilhar da televisão logo de manhã, tornou-se quase um ritual abrir os olhos ramelentos , focalizar na fresta entre minha janela e o mundo lá de fora e tentar prever o tempo e na seqüência procurar o controle remoto. No breve instante entre o apertar o botãozinho vermelho e escutar aquele ruidinho agudo da TV ligando, penso se vou ver a Mariana Godoy no Bom Dia São Paulo ou já está não hora do Bom dia Brasil.
Depois de abastecer-me de notícias, hoje basicamente sobre a Copa, deixo a televisão falando sozinha e vou para minha higiene matinal. Durante o banho escuto o “Acorda menino, acorda menina” da Ana Maria Braga.
Enquanto me visto assisto o Mais Você esperando uma receita que seja fácil e que sirva para meu almoço, penso que depois eu pego pela net e imediatamente uma saudade compulsiva me leva até a sala e aperto o botão que liga meu PC veio. Que saudade de escutar a ventoinha e o “PI” que ele faz ao ligar. Acho que todo mundo tem uma certa relação de amor e ódio com o computador de casa. Eu sinto saudades do meu. Talvez por isso tenham inventado o lap top!
Hotmail, gmail, facebook, Yahoo, esse blog, o palpite, e a Ana Maria e o Louro José disputando pegadinhas lá no quarto. Hoje em dia eu escuto a TV muito mais que assisto.
Lendo alguns posts novos de blogs que assino percebi que o papo la no programa estava diferente. Estavam falando de relacionamento.
Sim! O dia dos namorados. Havia me esquecido.
E papo vai papo vem e muito do que foi dito eu já escrevi aqui e sempre leio em outros lugares por aí. Inclusive uma das convidadas é a mina do “homem é tudo palhaço”.
Falaram sobre os tempos modernos, no papel que a mulher tem na sociedade hoje, em como as relações estão mudadas e como os homens sentem-se perdidos.

Quando estava em plena crise de relacionamento montei esse blog para tentar colocar a casa em ordem, para entender meus sentimentos e tentar racionalizá-los de alguma forma, mas não sentia que era só isso. Outro dia escutei uma escritora dizer ( na TV) que ela escreve para não esquecer. Conclui que era isso mesmo! Escrevo para não esquecer também. Tudo que passei e os erros que cometi estão de uma forma ou de outra, registrados aqui. Escrever é um aprendizado de si.
Descobri tanta coisa sobre meu universo masculino, de como nós homens precisamos aprender a deixar os velhos dogmas e entender mais a mulher. No mínimo prestar mais atenção nela.
Descobri que fui galinha, canalha, cafajeste, que fui meloso, grudento e carente. E tudo isso me transformou num homem muito mais maduro e coerente. Sinto orgulho em dizer que sou um Homem ( com H maiúsculo) hoje. Sinto realmente ter amadurecido e de estar aberto para conhecer o outro “sem medo de se machucar”. Frase que cortei. Medo de sentir é medo de viver.
Vou errar muito ainda. Cada mulher é uma nova experiência, cada novo relacionamento é uma nova experiência e ser sincero e leal tornou-se minha base. Minha bussola para orientar-me nesse caminho tão bonito que é o amor.
Desejo de ter a quem presentear no dia dos namorados todo mundo tem. Todo solteiro quer um aconchego, encontrar um “grande amor”. Mas enquanto projetarmos um sonho na realidade e não prestarmos atenção no que bate aqui dentro de nós, continuaremos batendo cabeça e admirando casais apaixonados.

Aí acabou o papo, os convidados partiram, a Ana Maria finalizou o prato e finalmente desliguei a TV. Escrevi esse post e notei que mais de 1000 pessoinhas já estiveram por aqui. Obrigado por desprenderem seu precioso tempo para ler essas entranhas de entrelinhas!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Não para, não para, não para não.

Estive pensando em algumas coisas. Sabe aqueles pensamentos que você gostaria que o mundo pensasse igual? Bom, pelo menos que o Brasil pensasse, pelo menos São Paulo, pelo menos o Metrô. Sim o metrô e os modais que integram o sistema de transporte público da capital.
Estão fazendo uma baita campanha da linha amarela e da expansão das linhas. Ofereceram um período gratuito nessa linha, propagandas bem produzidas, programas de TV, reportagens em telejornais e mídia impressa. Viva o metrô.
Moro pertinho da estação Brigadeiro e sei bem os benefícios disso. É quase mágico. Quase como descer na garagem do prédio e quando voltar para o térreo estar em outro lugar. Ok, nem tão mágico assim, mas é muito bom.
Juntando a esse pensamento a lei seca. Lindo na teoria, na pratica a coisa é bem diferente. Sair com o carro e não beber não é o fim do mundo, mas é muito menos prazeroso estar numa balada tomando coca-cola. Para os adeptos a uma boa cerveja como eu a primeira solução que pensamos é o metrô. Perfeito se tiver um ponto perto da balada. Dá até pra ir bebendo no caminho!
E aí vem o pensamento que eu queria que as autoridades responsáveis pelo transporte público tivessem:
Porque cargas d’água o metrô pára à meia-noite?

São Paulo sempre foi classificada como a cidade que nunca dorme, que nunca pára. É conhecido que a vida noturna na capital é agitada. Como pode então o metro fechar?
Não que tenha que manter a mesma frota, mas que pelo menos de hora em hora.
Seria mais que justo para uma população que vive tão estressada poder curtir a noite paulistana sem preocupação com o horário. Sem precisar sair correndo de uma festa que está só começando para não perder o metro.
E se não falarmos da vida noturna dos baladeiros, uma pessoa que numa emergência precise chegar a algum lugar na madrugada, um hospital por exemplo, fica totalmente sem opção. E taxi pra muita gente está totalmente fora do orçamento.

Toda essa campanha é valida. O metro deve mesmo se expandir. Deve haver investimento com trens modernos que nem maquinista tem, deve-se sim dar conforto pra população. E deve sim prestar serviço de extrema utilidade publica, a meu ver, em todos os horários. As vezes ofuscam nossos olhos com tanta purpurina e gastos exorbitantes que esquecemos do básico. Há muito tempo, antes dessa expansão, se fosse expandido só o horário, já teria sido um belo de um avanço. Agora ta tudo cheirando a novo, mas de noite é melhor guardar na garagem. Medo que roubem o trem?

Acredito que as leis devam ser mais bem amarradas nesse sentido. A lei seca teria dado muito mais certa se o transporte público estivesse preparado para atender essa demanda noturna.

Enfim, é Copa e Viva o Brasil!

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Arroz e Feijão

Tem amor que é como arroz e feijão.
Não o tédio que esses dois grãos unidos simbolizam.
Não o trivial e rotineiro.
Amor arroz e feijão para quem já saiu de casa.
Que não tem a cama arrumada nem a roupa passada.
Para quem prova o gosto da própria comida para manter-se vivo.
Para quem descobriu o quanto o arroz e feijão de casa faz falta.
Chega ao ponto de fazer um prato só de arroz e feijão para deliciar-se bocado após bocado como quem está saboreando um prato gourmet.
O caldo encorpado que revela o tempo que o fogo esteve agindo unindo os ingredientes e sabores. O tempo que levou para que todas as partes sejam chamadas de uma única só coisa. Que só, a coisa é arroz ou é feijão. Coisa boa, mas coisa só.
A saudade de um arroz e feijão é diferente. É saudade do aconchego, do cheiro, do prazer que aquele tempero causa dentro de nós.

Um dia ele já foi corriqueiro. Já foi quase enjoativo. Já quisemos incorporar outros sabores para sentir uma novidade. Para quebrar a rotina e nem sempre a mistura ficava boa.
Quando o sabor já faz parte do hábito apenas mastigamos e engolimos, mas não sentimos o verdadeiro sabor.
Talvez a distância seja tempero fundamental para que o arroz e feijão não perca seu sabor verdadeiro. Para que possamos deliciarmo-nos em cada bocado é preciso um tempero feito de distancia e saudades.

Tem amor que é como arroz e feijão: por mais que existam inúmeros por aí, tem sempre um que não esquecemos.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Cronologia Amorosa

Quando tinha 15 anos queria a menina mais bonita da cidade para desfilar de mãos dadas e lascar beijos fervorosos diante de uma platéia importantíssima de amigos. Nada importava mais que simplesmente ser gostosa.
Quando fiz 18 e depois de muito trabalhar pra conseguir meu primeiro carro, um fusca, finalmente sai com uma gostosona! Transamos na terceira vez que nos encontramos e me apaixonei. 3 meses depois ela estava saindo com um cara todo malhado que jogava no time de futebol da cidade.
Depois dessa experiência quis uma menina bonita, meiga, educada, que não fosse tão ligada a forma física, coisa que não me favorecia muito e que levasse uma relação a sério.
Logo aos 19 tive minha primeira namorada séria. Conheci a família, viajamos juntos, prometemos amor eterno. Na época ela estava no cursinho e eu no primeiro ano de faculdade.
Assim que ela ingressou em agronomia descobri que ela era muito mais séria e careta do que eu que cursava comunicação. Ela queria casar e eu viajar pra fora do país. Medo! Insegurança e imaturidade.
Aos 22 não queria saber de nada sério e voltando do exterior queria mais é curtir a vida com uma menina tão doida quanto eu.
Encontrei uma mulher mais madura. Uns 20 anos mais experiente. E louca em inúmeros aspectos. De tão louca esquecia-se de mim.
Aos 25 queria mesmo é cuidar de mim. Fiquei magro, e minha alegria era o desafio da conquista. Bem cafajeste. Até que me cansei dessa vida. Queria alguém para assistir as vídeo cacetadas num domingo monótono, sossegar de vez.
Conheci minha ex-mulher. Vivemos um amor sublime e importante que será impossível tirar da memória ou do coração. Mas até então não tinha renda, casa, trabalho e nada que me desse segurança para realmente sossegar.
Agora tenho 30. Só penso em dinheiro e ...
...Não sei o que, ou quem, quero. Só quero que o sentimento seja sincero, intenso, e verdadeiro. Uma bela bunda, um beijo bom e sexo alucinante é pedir muito?

Roteiro em aberto.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Cine 3D

Tudo começou com a fotografia. Espanto total! Como pode? Uma imagem presa num pedaço de papel? Ninguém entendeu e todo mundo ficou maravilhado. Depois, quando pensavam que nada mais poderia ser inventado, colocaram uma foto atrás da outra e taraaaam! Veio o filme. Aí, quem já se espantou com a foto, quase teve um surto ao ver as imagens em movimento diante dos olhos. Anos luz a frente, me lembro do Toy Story. Um dos primeiros filmes de animação 3D. Fiquei besta em ver a terceira dimensão nos desenhos. Era como se existissem de fato. Até fui estudar esse tipo de animação. Deu pra entender como funciona e como dá trabalho. E bota trabalho nisso! Dentro da animação 3D temos varias categorias e uma que mais espanta é a hiper-realista. Só com essa técnica foi possível fazer um filme como Trasformers, por exemplo. Revolução no cinema e nos efeitos especiais. Até aí, pra mim, era só uma pequena evolução do Toy Story.
Ontem, pela primeira vez fui ver um filme em 3D no cinema.
Lembra do cinema 2000 do Play Center? 2000 ou 3000? Enfim, to ficando velho e acho que muitos não conheceram. Mas basicamente era uma tela enorme onde ficávamos de pé e uma câmera subjetiva causava náuseas!
Depois teve a onda freddy krueger e outros filmes que usávamos uns óculos de duas cores, uma lente azul e outra vermelha e que era difícil realmente ver alguma coisa.
Saiu o Avatar e de repente todo mundo começou a comentar. Não botei muita fé.
Como estava dizendo, ontem fui ao cinema. Convidado VIP, pré estréia do Alice no país das maravilhas em 3D. Não paga nada? E ganha pipoca? Bora lá! ( Demais Mirian, minha Best friend, valeu! )
Chegamos atrasados, corremos o shopping todo e chegamos com o filme já começado.
Quando eu vesti os óculos devo ter tido a mesma reação de quem viu a fotografia pela primeira vez. Me senti fazendo parte da história do cinema. Vou contar pros meus netos a primeira vez que eu vi um filme em 3D. Até lá, nem quero imaginar o que está por vir.
Para quem não viu ainda, por favor, vá! É uma experiência única. Cinema pra mim agora só em 3D pra compensar a fortuna que gastamos! Vale cada centavo e nem faço questão de pagar meia!
Me surpreendeu e agora estou louco pra ver Avatar antes que saia de cartaz!
Ah! O Alice? Muuuuuito bom! Quando estrear não percam. Mas tem que ser em 3D!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Assustada

Dm G C7(9) F7M
É que parece que eu conheço tanto, nada fora de lugar
Dm G C7(9) F7M
Eu abro o jogo entrego os planos e perco a chance de tentar


Refrão
Dm Em7(b5) A7(b13) DM
Oh menina tão bonita por favor não se assute com o que vou lhe mostrar
Dm Em7(b5) A7(b13) DM
É feito de carne e sangue pulsa feito um animal mas é só meu coração



Dm. G C7(9) F7M
E se parasse pra pensar no tempo, não tem medida universal
Dm. G C7(9) F7M
Eu jogo aberto fico do avesso, só pra poder te conquistar


Refrão

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Bonitinho - ela disse.

Parei para escutar meu coração.
Ele tinha tanta coisa pra me contar que começou a falar muito rápido e eu não entendi direito. Me deu até falta de ar.
Tadinho. Deu pra entender porque ele estava com saudades. Já faz tempo que eu tenho dado atenção pra outras partes do meu corpo. Geralmente partes que doem. Um pé torcido, uma dor de barriga ou de cabeça, uma mordida na língua. Até mesmo o próprio coração. A última vez que dei atenção pra ele foi porque estava doendo. Depois disso... nem me lembro quando foi.
Sei que depois de acalmá-lo um pouco ele foi mais claro. Começou me mostrando como eu estou apaixonado pelo meu trabalho. Como ele se sente feliz e pulsante quando a gente entra na loja e sente o cheiro de poeira, o barulho de um martelo, o cimento sendo jogado na parede, pá arrastando no chão e enchendo o carrinho!
Nunca pensei que uma construção fosse dar tanto prazer e realização como está me dando. De fato o coração estava certo em me dizer aquilo e disse mais:
_Não ache que você pode me trancar aqui dentro e pensar que vou ficar bem só com o trabalho!
A não? – Respondi – Vou dar a tranqüilidade que meus pais merecem, poder pagar minhas contas e ainda quem sabe , aí sim deixar você bater por outras coisas.
_Olha ali! – O coração bateu forte- Bem ali, ó!
E lá estava ela.
O tempo parou, esqueci dos pedreiros destruidores de cofres inquebráveis e me encantei pela beleza feminina! Pela suavidade e pela força.
O coração está na minha garganta agora.
Não sei se engulo ou se ponho pra fora.
_Olha ali, ó! Aliiii!
Cala a boca coração!

terça-feira, 6 de abril de 2010

quarta-feira, 24 de março de 2010

BIG BROTHER

Tá bom, 90 Milhões de pessoas votando num paredão do Big Brother Brasil é considerável. E ligar a TV logo de manhã e encontrar a Ana Maria Braga discutindo o programa com artistas globais e ex-bbbs me fizeram, no mínimo, pensar sobre o assunto.
Fala-se muito em jogo. Porque fulano está jogando, fulana é boa jogadora, bla bla bla. É um jogo, ponto. E partindo desse princípio, quando penso JOGO muitas coisas me vêem a mente: Na escola e as aulas de educação física, na rua e os jogos como esconde esconde, pega-pega, taco...Lembro-me de jogos de carta como o mau-mau onde o objetivo é ferrar os outros.
Falando de mau-mau, uma das jogadas mais deliciosas é o 7. Ao jogar um 7 o próximo da roda come 3 cartas e se for um 7 de Ouros o castigo sobe pra 5 cartas. Acontece que eles são acumulativos, então se o próximo jogador tiver um 7 ele pode somar ao que esta na mesa e o próximo comerá 6 cartas e assim por diante. Muitas vezes a pessoa que primeiro jogou a carta se ferra, pois todos tinham 7. Quando isso acontece é o êxtase de todos! Ganha quem ficar sem cartas nas mãos.

Jogo sempre tem um perdedor. Todo mundo pensa em ganhar, mas apenas 1 vence.

Ai tem o tal do BBB.

O que irrita é esse falso convívio. Esse jogo de afeto superficial e com objetivos bem definidos em cifrões $$$$.
Indicar uma pessoa pro paredão é como jogar um 7, bater uma trinca de ases com um fullhouse no poker, é bater uma tranca, um buraco, é fazer um gol! Imagine se num jogo de futebol, Brasil x Argentina, o Brasil toma um gol e todo mundo sai chorando!!! É tão ridículo quanto esse convívio. A galera fica falando em pressão, em nervos aflorados, em estratégia, uma série de coisas como se fosse realmente a final da copa do mundo. Gente, tchau, adeus, perdeu querido(a), lá fora a gente toma uma! E outro pode virar e dizer ainda:”Olha, se liga que o próximo é você” e assim segue o jogo.

Bom, depois desse descarrego mental, volto ao ponto de partida. As 90 milhões de pessoas que votaram no paredão desse BBB10.
Já tivemos tantos escândalos na política nacional, já temos um Big Brother acontecendo em Brasília há tanto tempo, tem tantos jogadores lá dentro e muitos levam muito mais que 1 milhão e ½ , e não movemos nem o mouse pra fazer alguma coisa. Pra votar na saída de uma pessoa no programa da Globo até pagamos uma lan house.
O Senado, a Câmara, os gabinetes e secretarias deveriam ser um grande BB e deveria existir uma espécie de paredão todo mês! Como não é assim é bom lembrar que esse ano tem eleições.
Num comparativo imediato, deveríamos conhecer nossos candidatos como conhecemos os jogadores do BBB. Discutir tanto quanto. Formar opinião e votar com o mesmo sentimento de estar fazendo a coisa certa. Com o mesmo sentimento de lavar a alma, de prazer em falar e acreditar que ajudou dizendo: EU NÃO QUERO VOCE LÁ!
Quando 180 Milhões de Brasileiros forem às urnas com a mesma vontade que 90 votaram no paredão, aí a gente pode ter esperança!

sexta-feira, 19 de março de 2010

Troféu Jóinha

Há! Fiz esse ANIMATED GIF que pode ser emoticon se quiser. Presentinho inútil para o fim de semana! Boa!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Cheio

Se de nada são feitos, se de matéria são desprovidos
Se invisíveis e intocáveis são, como podem ser pesados?
E se forem leves, mesmo assim, não existem de fato.
Não podem ser fotografados, mas são retratados, são demonstrados
São por eternidade, em DNA talvez, registrados.

Podem ser quebrados e seus cacos podem ferir
Podem ser ilusórios seus reais sentidos
Podem ser falsos seus intuitos
Mas se sinceros forem, se de nada temerem
Concretos serão e mesmo assim não irão vê-los

Se de nada são feitos, se de matéria são desprovidos
Como posso ser tão cheio de sentimentos?

A.Tosello

quinta-feira, 11 de março de 2010

cotidiano nervoso



Andando pela Av. Paulista avisto coisas que nem Deus acredita.
Posto no alto de um cubo de concreto onde num dos lados o logotipo deixava claro ser da companhia de telefone, um morador de rua posava com pompa de modelo enquanto maquinas digitais e telefones celulares registravam o momento. 15 minutos de fama, pensei.
No quarteirão seguinte um dia de fúria de um cidadão. Chutou um saco de carvão pro meio da avenida em frente de um ônibus que freou, mas não pode desviar do saco. O pó preto se espalhou e o moço, que poderia ser um motoboy pelo tamanho da mochila nas costas, gritava enfurecido: Ninguém me ajuda! Eu to fodido! Ninguém me ajuda!
Esbravejava aos sete ventos com os punhos cerrados e com a ira nos olhos. Ninguém ajudou. Pra longe corremos enquanto víamos o segurança usando o gás de pimenta.
É o cotidiano nervoso e já quase surreal da megalópole paulistana.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Uma Semana

Depois de uma semana sem computador estou aqui novamente.
Um sobrevivente.
E não é que existe vida fora de um monitor?!
Gente, e é tão viva! Palpável. É concreta e cheia de nuances. Cheia de perigos e escolhas. Aventuras e dramas num filme cheio de ação!
A vida real é cheia de corações que pulsam fortes dentro de peitos de todos os tamanhos e intenções variadas. Um beijo aqui fora é mais doloroso que uma mudança de status para “namorando” e mais complicado dizer “quem sou” para alguém de verdade do que escrever uma frase de impacto num perfil qualquer.
A vida real tem outro tempo. Hoje, pós terremoto do Chile, um tempo com um milionésimo de segundo a menos para ser contado! Nem um piscar de olhos é tão rápido, mas esse milionésimo representa a devastação de um país ou a criação de outro. O nascimento de alguém e a morte de outro alguém. Num instante estamos sós, noutro cercados de solidão. Ou com o sentimento de estarmos realmente acompanhados. Instantes. Milionésimos de segundo que ditam o antes e o depois.
Antes de um computador ligado em uma rede mundial os vizinhos se conheciam. As pessoas estavam presentes. Depois de uma semana desconectado percebi que esse mundo ainda existe, mas anda esquecido. Antes, existia troca de olhares antes das trocas de email. Existia uma serie de outras coisas que não existem mais. E nos damos conta dessas mudanças num único instante. De uma vez. Num milionésimo de segundo! Num piscar de olhos.
A vida é formada desses pequenos instantes. Instantes que dominam o tempo e o espaço. Não existe “quando” nem “onde” quando pessoas de fato se encontram abertas umas para as outras. Quando um aperto de mãos acontece, quando um cumprimento matinal estampa um sorriso no rosto de alguém, quando um abraço sincero acontece. O tempo pára nesses instantes. Uma foto é registrada na retina e na memória. Tudo isso acontece na vida real.
Nosso HD parece estar cheio, precisando fazer um backup, mas na verdade está pela metade. Sempre estará. A vida real não tem limite de bits, megas, gigas, terabites e o que mais vier. É infinito! Não há tecnologia capaz de superar nossa capacidade!
Numa semana sem computador descobri o valor do telefone. Mais ainda, descobri o valor que ele tem para pessoas que realmente preocupam-se conosco. Muito fácil manter contato com pessoas que estão “online” e “disponíveis”. Amigos que ligam pra falar merda alguma, outros que simplesmente ligam porque sentem sua falta. Isso só acontece na vida real.
O gosto de uma lagrima é diferente quando as teclas de um teclado embaçam e quando a vemos no ombro de uma pessoa. Outro gosto ainda quando outros olhos se enchem de lagrimas ao ver as suas.
Tanta coisa acontece aqui fora. E só fiquei uma semana sem meu computador! Só uma semana? Há quanto tempo estou aqui? E o que isso importa? Não foi tempo perdido. Nem ganho. Foi outro tempo. Talvez uma eternidade...
Na vida real foi só mais uma semana...
... de tantas outras que estão por vir.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Lambuzado

Link interno urgente! Precisamos olhar para dentro, para nós mesmos e o mais rápido possível! Deixemos a felicidade conosco e não com o outro.
Enquanto uns tentam seguir a vida outros seguem a vida alheia. Será que sempre a grama do vizinho é mais bonita? Claro que não. O problema é que não levantamos a bunda do sofá, não afiamos o facão, o rastelo e a pá para cuidar do matagal que nos atrapalha a visão. O mato pode ser cortado e virar um lindo jardim. As ervas daninhas sempre voltam, mas as flores fortes resistem. Os frutos podem ser colhidos, mas cada um ao seu tempo.
Estamos pensando demais e sentindo de menos. Vi uma frase no MSN esses dias que a vida não deve ser comida de garfo e faca e sim devemos nos lambuzar! E é isso mesmo. Só se aprende andar de bicicleta caindo e mesmo assim é uma delicia. Depois do tombo dá medo, mas é aí que devemos ser fortes e dar as primeiras pedaladas de novo.
Bom seria se todos soubessem o que realmente sentem. Bom seria se todo coração palpitante fosse amor. Não o amor de novela das oito. Amor puro sem classificações. Bom seria se a simplicidade fosse religião, crença e prática! Sem ser fanatismo.
Porque hoje é tão difícil relacionar-se? Muita internet? Tudo muito virtual e imediato?
Tudo é link e saímos clicando em todos? Quem sabe?
O que falta realmente é paciência para conhecer os defeitos, as diferenças, os conflitos internos e do próximo. Quando a coisa fica muito densa logo clicamos em outro link. No fim nem se procurarmos no histórico iremos achar a pagina inicial de onde tudo começou.
Tudo começa com a gente. Nós somos os responsáveis pelo nosso caminho. Caminhamos com as próprias pernas e não com a do próximo.
É chegada a hora onde o solúvel não nos satisfaz. E para concretizar qualquer coisa é preciso olhar para nós mesmos, escutar o coração e lambuzarmo-nos!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O Desapego

Escutei recentemente de algumas amigas em estado de euforia após uma baladinha: “E viva o desapego!” – Viva! – a outra respondeu.
No contexto delas, toda essa alegria vem por conta de não estarem mais sofrendo com antigos relacionamentos. Esse foi o desapego delas.
Só ontem, pós- carnaval, outras 2 pessoas me falaram que encontraram um par ótimo no carnaval e que foi lindo e que agora estão se comunicando via MSN e tal, mas pra mim, depois do carnaval o desapego deveria ser uma pratica ainda mais constante.
Bom, com essas coisas na cabeça resolvi aprofundar-me no tema desapego.

Para alguns o desapego pode ser a total falta de atenção com alguém. Não ligamos se a pessoa telefona, se aparece, se responde se dá sinal de fumaça, sei lá, se a pessoa não está nem ai pra alguém ela esta desapegada. O apego é estar presente. Aproxima-se do pegar, do ter, do tocar. Apega-se a coisas e pessoas. Tenho um apego muito grande com minha bicicleta por exemplo. Se tivesse um gato ou cachorro teria apego por ele. Tenho apego a internet e esse velho PC. É diferente de amor. Diferente de paixão. Apegar-se é como se aquilo ou aquele(a) fosse parte de nós como o cobertor do Lino no Snoop, o coelhinho da Monica, o martelo do Thor.
Com pessoas, nos apegamos aos amigos principalmente. Nós escolhemos os amigos. Os mais queridos estao no MSN, no skype, no Orkut, no facebook, no celular... Queremos sempre por perto, procuramos sempre pra fazer as coisas mais legais.
O apego é fácil de ter e identificar. É fácil apegar-se.

O desapego, concentrando-me nos relacionamentos amorosos, talvez seja uma das coisas mais importantes de se cultivar. E mais difícil.
Aprendemos, como disse acima, que apegar-se é fácil. Pois bem, quando começamos um relacionamento a primeira coisa que acontece é apegarmo-nos. Sim, queremos a pessoa por perto, a queremos pra nós, queremos que fique aqui do lado. Porem não se trata do cobertor do Lino nem o martelo do Thor! E diferente de amigo onde mesmo distante ainda ficamos felizes de saber alguma novidade via email. Com nosso par perfeito queremos é estar grudados! Essa vontade louca um dia passa. Transforma-se em outra coisa.
As pessoas precisam de espaço. Precisam de distanciamento para respirar e sentir saudades. Precisam do desapego para se apegar mais. Eu pelo menos preciso. Acho que meu casamento só daria certo se a casa tivesse um canto meu onde ficasse por algum tempo sozinho. Preciso fazer minhas coisas, sejam lá o que forem. Meu tempo e meu espaço. Egoísta? Talvez. Mas acredito que todo mundo precisa de um pouco disso. Precisamos deixar as pessoas irem, nossos amores devem ser soltos. Um dia podem ir embora. Ou não. A melhor maneira de prender alguém é deixar a porta aberta. Acontece que existem muitas “Felícias” na vida que apertam o bichinho até esbugalhar os olhos!

Pensar no desapego como algum amor que passou é um engano. Esse alivio é de não ter mais apego algum, de não sentir mais nada, de sentir que passou. O desapego é cuidado, é regar a plantinha, é cultivar um sentimento que pode sufocar.
Pós-carnaval, pós- viagem de verão fica o sentimento de quero mais, de querermos que aquilo dure pra sempre. Nos apegamos fácil a uma paisagem linda, uma casa/ hotel mas é tudo um sonho. Logo voltaremos pra nossas vidas e apegar-se a esse sonho só vai nos trazer sofrimento.

Como gato: o bicho é solto. Quanto mais solto deixamos mais ele vai enroscar em nossas pernas.
O desapego é querer estar juntos, é amar, é paixão e saudade, mas sem deixar que nossas necessidades egoistas ofusquem o verdadeiro sentido da coisa.
Talvez o amor do carnaval dure, talvez o que teorizo vire apenas balela. Mas hoje acredito no desapego como algo que prende.
E viva o desapego!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Consolação

Uma senhora espatifou no chão. Atravessando a consolação, tropeçou no vento se enroscou no ar e esticou-se no meio da faixa de pedestres.
Apreensão e suspense pairaram no instante infinito de alguns minutos.
Parei a bike em frente aos carros parados no sinal vermelho protegendo o corpo franzino da senhora, deu pra ver os olhares atentos dos motoristas. Pés descalços e sujos, meio inchados e machucados se aproximaram. Meu olhar estava no chão junto com a senhora e suas sacolinhas do “Ladrão de Açúcar” espalhadas no asfalto quente. Os pés eram de um mendigo que prontamente saiu de seu estado de inércia urbana para socorrer a pobre.
Um carrinho, cheio de bugigangas e quinquilharias estacionado ali do lado, era outro mendigo. Supostamente a senhora havia tropeçado nesse carrinho. O rapaz dono do carrinho segurava em um dos braços da senhora ao mesmo tempo em que não soltava o carrinho. Devia ser de muito valor para ele. Eu observando só vi lixo, mas para ele havia um valor inestimável com certeza.
Algum bancário, ou qualquer outro tipo executivo que perambula pela Av.Paulista segurou a senhora por trás dando mais firmeza para que ela se levantasse.
O sinal abriu. Não me movi e não deixei os carros andarem. Ouvi uma buzina lá de trás, alguém que não viu o que aconteceu e como um rato de laboratório ficou condicionado a ver o verde e acelerar, se não der pra acelerar buzina. Eu só tinha olhos para a senhora que estava passando por um crivo de experts em acidentes domésticos: 1 doméstica de uniforme, 1 bancário, 2 mendigos e 1 ciclista. Ninguém de branco, mas todos passando os olhos por todo corpinho da senhora em busca de ralados, cortes e afins. Tudo em ordem. As buzinas aumentaram quando o sinal ficou amarelo.
O mendigo descalço de pés inchados devolveu as sacolinhas para a senhora e continuou com fome. O mendigo do carrinho pediu desculpas por qualquer coisa e seguiu o rumo. O bancário acompanhou a senhora até a calçada. A doméstica saiu rindo e balançando a cabeça. Eu afivelei o capacete novamente e continuei a pedalada e o tempo voltou ao seu fluxo normal. A senhora? Ela sentiu o calor humano da megalópole são-paulina muitas vezes escondido entre concreto, carros, motos, estresse, correrias e preocupações. Ainda há esperança.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Inexplicável

Existe uma teoria que diz que as coisas só existem em nossas cabeças. Que uma cadeira só é uma cadeira porque pensamos e associamos o nome à coisa. Tem a ver com o tal “Penso logo existo” de Descartes. E nessa idéia tudo é necessário ter um nome. Se não a gente não entende. Como uma coisa não tem nome? Tudo tem um nome.
Essa necessidade é inevitavelmente transferida para outras áreas do corpo onde o cérebro não deveria atuar dessa forma racional. Principalmente se tratando de coração.

Quantas vezes ficamos com pessoas onde sentimos apenas tesão ou simples atração física? E o quanto isso acaba sendo banal? Superficial? O que se escuta muito é que hoje ninguém quer namorar, que não tem um que preste, e mais um monte de outras coisas que justificam ficarmos solteiros. Quem namora vive batendo cabeça e sempre existe uma ameaça do passado ou do presente ou do futuro. Ninguém fica tranqüilo, e cuida do romance como quem cuida de um carro parado na rua escura prestes a ser roubado.

E quando alguma coisa acontece? Quando alguma coisa foge do normal? Quando conhecemos alguém especial ou que realmente meche conosco de maneira inexplicável. Atenção para a palavra INEXPLICÁVEL. Quando nos sentimos bem com alguém, livres para falar horas a fio sobre assuntos diversos e que nem sabíamos que sabíamos?!! Quando essas coisas acontecem a primeira coisa que incomoda é o cérebro querendo descobrir o que é aquilo. Ele precisa saber. Nome às coisas; é assim que funciona. E ai logo vem as perguntas: É namoro? Amizade? Ficante? Amante? Peguete? E mais: Se agente ficar ficando a gente vai namorar? Casar? Viver pra sempre? O cérebro precisa entender, mas o coração fala mais alto nessas horas.
Talvez a melhor maneira de acalmar a cabeça é fazê-la pensar em deixar o coração feliz e tranqüilo. E quando ela descobre que o coração esta cheio de sentimentos bons ela se acalma: Ta bom coração, ta todo felizinho aí então não me esquenta!

O inexplicável existe e é bom. É necessário. É o tempo da coisa virar algo normal e ganhar um nome. Nem tudo é rotulável. O coração fica confortável nesse mar de sentimentos se o cérebro pára de querer uma explicação. Não tem como desligar o cérebro, mas dá pra dar uma enganada! Precisamos estar mais atentos aos sentimentos inexplicáveis. Só assim a coisa vira “príncipe encantado”, “namorada perfeita”, “namoro sério”, “casamento” ou qualquer outro rótulo que lhe agrade.
Acho que consigo separar o racional e emocional. Não que estejam totalmente separados, não estão. Mas deixo o racional para estudar, trabalhar, realizar tarefas. E o emocional deixo que o coração me guie. Parece simples, né? Tente para ver o que acontece.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Absorvente

Absorvo meu calor porque solto não aquece, não ilumina nem acende, mas por dentro queima e fede a orgulho queimado, a ego apagado, cinzeiro abarrotado.
Absorvo toda chance desperdiçada, cada falta mal cobrada, cada gol perdido, mas continuo vestindo a camisa de um time esquecido.
Absorvo todo caso mal resolvido, todo beijo não dado, todo encontro furado, mas ainda quero dormir do seu lado. Agarradinho, de conchinha, como se fossemos namorados.
Absorvo tudo até explodir em fagulhas incandescentes, mas sem saber ao certo se sou psiquiatra ou verdadeiro amante.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

100% às escuras.

Antonio tirou a carteirinha da Faculdade de estatística na boca do caixa e exigiu seus 50% de desconto. Se todos pagassem meia entrada talvez o ingresso fosse os mesmos 50% mais caro, mas 86% dos proprietários de cinema concordam com a lei da meia entrada pois rende 33% mais na venda de pipoca e guloseimas superfaturadas.
Quantas pessoas, na faixa dos 25 aos 40 vão ao cinema sozinhas? – Pensou- Uns 10% no máximo.
Ele faria parte dessa estatística se comprovada. Depois que se mudou pra perto toda semana vai ao cinema. Principalmente de Quarta feira, que é mais barato. Uns 96% das pessoas que vão ao cinema as quartas, devem ganhar pouco como ele, mas gostam de cinema. Fazendo uma conta rápida chegou à conclusão de que nessa quarta-feira, somando o dele e da Alice, considerando a margem de erro, pagou um ingresso e meio. Até agora nada dela. 56% das meninas que conheceu se atrasaram.

89% das pessoas que não se conhecem muito bem e resolvem se encontrar no cinema, realmente assistem ao filme mesmo que seja chato, para terem o que conversar após o cinema. Antonio e Alice assim fizeram. Quase como estranhos se viram mesmo quando a luz acendeu. Ele ficou 97% encantado com ela e Alice, 99% encantada com o filme.

Foram num barzinho e depois de quase 2% de álcool no sangue, 2 horas de conversa e algumas cantadas ridículas o silencio se fez. Alice olhou para o relógio e acendeu um cigarro. Antonio, querendo ser simpático e atencioso disse que o uso de cigarro aumenta em 75% as causas de doenças como o câncer. Foi a gota:

_Olha Antonio, eu sou 100% sincera e não estou agüentando mais. Estou me sentindo no escritório do Ibope. Sou jornalista, mas passo longe da coluna de economia. 90 % da nossa conversa teve um “por cento” no meio. Estava com 50% de duvida se viria ou não e agora tenho 100% de vontade de ir. Você, de zero a dez, no quesito beleza, leva uns 7. Não é de se jogar fora, mas o órgão que mais exercito é o cérebro. E o meu não é nem um pouco exato.

Alice pagou 50% da conta e foi embora. Antonio ficou 100% sozinho e caiu nas estatísticas: 94% dos encontros às escuras fracassam.