sexta-feira, 23 de julho de 2010

Biocombústivel

Depois de 43 anos de estudo e dedicação, a formula finalmente ficou pronta. Reciclando o próprio lixo e acrescentando alguns produtos de fácil aquisição, Geraldo Azevedo, técnico supervisor do Instituto Tecnológico de Bicombustíveis, desenvolveu o álcool caseiro.
O teste foi feito com um motor simples montado numa bancada. Azevedo entrou na sala de testes com um vidro cheio de um liquido translúcido, mas não totalmente transparente como o álcool. Despejou o liquido no pequeno tanque do motor, bombeou um pouco uma manivela e deu partida. Funcionou perfeitamente.
Trata-se de um composto extraído do lixo decantado e que não agride, em tese, o meio ambiente.

Quando li a noticia não acreditei. Acreditei menos ainda quando ao ligar a TV logo de manhã, a Ana Márcia estava com o tal Azevedo pronto para passar a receita do álcool caseiro.
O programa tem um papagaio que comenta tudo e dizia que o “álcool caseiro era igualzinho que a dona de casa encontra no posto”.
Todos vestiam jaleco branco, luvas e óculos protetores. Azevedo começa explicando que a pessoa deve separar o lixo orgânico do reciclável e todo esse lixo orgânico vai pra dentro de um tanque, que em casa pode ser feito com uma caixa d’água. Depois de cheio, esse tanque fica tampado por três meses. É feito um amassamento daquela pasta fedorenta como se fosse uva virando vinho. A Ana Márcia vestiu umas botas que iam até a cintura e se meteu naquele tanque de lixo junto com o cientista maluco, e começou a sapatear. Lamentável, diga-se de passagem. Por uma torneira escorria o resultado.

Depois do intervalo todos estavam no estúdio com um vidro cheio daquele liquido estranho. Colocaram numa máquina destiladora feita com escorredor de macarrão e filtro de papel. Depois colocaram alguns produtos que não me lembro bem, diziam “temperar” a mistura. Algo como hidróxido de sódio, dióxido de hidrogênio, eu estava muito atordoado com tudo aquilo. Sei que depois, a coisa toda foi para uma centrifuga dessas de secar salada. O Azevedo aparentava nervosismo e dizia que “esse processo é o segredo, são varias voltas rápidas por trinta minutos”. A Ana do lado dele explicou que já haviam feito antes, pra ver se dava certo, vários litros que estavam bem ali do lado.
_Então Geraldo, só pra dona de casa entender o processo da centrifuga – E lá foi Ana botar a mão onde não devia- A gente coloca o liquido temperado nos copinhos, olhas só, mostra aqui câmera, ele colocou esses copos de requeijão um do ladinho do outro aqui dentro, ó. Aí a gente enche os copinhos... Ele calculou gente, um litro por vez. Tampa assim, cuidado viu gente. Começa de vagarinho e gira, gira, gira, gira e solta. É assim Azevedo?
_Isso Ana, quando você solta a centrifuga ainda fica girando você vê? Antes de ela parar completamente você volta a girar com força.
_Vamos lá então: gira, gira, gira...
Explodiu!
Imediatamente entrou o símbolo da emissora e por 3 horas nada aconteceu.
Foi a maior audiência registrada no planeta. Praticamente todo televisor ligado no Brasil estava com o tal símbolo. Todos esperavam saber o que havia acontecido. As outras emissoras mandaram as equipes de reportagens. Não se falava de outra coisa. Tive que ir trabalhar e acabei esquecendo a coisa toda, afinal era só um programa de culinária.
Hoje, quando liguei a TV estava passando desenho.
_Já era a Ana- pensei- pela primeira vez o programa de culinária fritou a apresentadora!
“Bora”, trabalhar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário