segunda-feira, 31 de maio de 2010

Arroz e Feijão

Tem amor que é como arroz e feijão.
Não o tédio que esses dois grãos unidos simbolizam.
Não o trivial e rotineiro.
Amor arroz e feijão para quem já saiu de casa.
Que não tem a cama arrumada nem a roupa passada.
Para quem prova o gosto da própria comida para manter-se vivo.
Para quem descobriu o quanto o arroz e feijão de casa faz falta.
Chega ao ponto de fazer um prato só de arroz e feijão para deliciar-se bocado após bocado como quem está saboreando um prato gourmet.
O caldo encorpado que revela o tempo que o fogo esteve agindo unindo os ingredientes e sabores. O tempo que levou para que todas as partes sejam chamadas de uma única só coisa. Que só, a coisa é arroz ou é feijão. Coisa boa, mas coisa só.
A saudade de um arroz e feijão é diferente. É saudade do aconchego, do cheiro, do prazer que aquele tempero causa dentro de nós.

Um dia ele já foi corriqueiro. Já foi quase enjoativo. Já quisemos incorporar outros sabores para sentir uma novidade. Para quebrar a rotina e nem sempre a mistura ficava boa.
Quando o sabor já faz parte do hábito apenas mastigamos e engolimos, mas não sentimos o verdadeiro sabor.
Talvez a distância seja tempero fundamental para que o arroz e feijão não perca seu sabor verdadeiro. Para que possamos deliciarmo-nos em cada bocado é preciso um tempero feito de distancia e saudades.

Tem amor que é como arroz e feijão: por mais que existam inúmeros por aí, tem sempre um que não esquecemos.

2 comentários:

  1. Vejo que vc está envelhecendo, meu caro. E o bom de se envelhecer, é apreciar o prazer das regularidades. Bjs

    ResponderExcluir
  2. e não é que é assim mesmo? bem..só posso comentar sobre o arroz com feijão com os quais realmente me acabo sempre que possível! saudade imensa! agora....amor assim...ah...sei lá se conheci ou irei conhecer. temo que não.

    ResponderExcluir