segunda-feira, 31 de maio de 2010

Arroz e Feijão

Tem amor que é como arroz e feijão.
Não o tédio que esses dois grãos unidos simbolizam.
Não o trivial e rotineiro.
Amor arroz e feijão para quem já saiu de casa.
Que não tem a cama arrumada nem a roupa passada.
Para quem prova o gosto da própria comida para manter-se vivo.
Para quem descobriu o quanto o arroz e feijão de casa faz falta.
Chega ao ponto de fazer um prato só de arroz e feijão para deliciar-se bocado após bocado como quem está saboreando um prato gourmet.
O caldo encorpado que revela o tempo que o fogo esteve agindo unindo os ingredientes e sabores. O tempo que levou para que todas as partes sejam chamadas de uma única só coisa. Que só, a coisa é arroz ou é feijão. Coisa boa, mas coisa só.
A saudade de um arroz e feijão é diferente. É saudade do aconchego, do cheiro, do prazer que aquele tempero causa dentro de nós.

Um dia ele já foi corriqueiro. Já foi quase enjoativo. Já quisemos incorporar outros sabores para sentir uma novidade. Para quebrar a rotina e nem sempre a mistura ficava boa.
Quando o sabor já faz parte do hábito apenas mastigamos e engolimos, mas não sentimos o verdadeiro sabor.
Talvez a distância seja tempero fundamental para que o arroz e feijão não perca seu sabor verdadeiro. Para que possamos deliciarmo-nos em cada bocado é preciso um tempero feito de distancia e saudades.

Tem amor que é como arroz e feijão: por mais que existam inúmeros por aí, tem sempre um que não esquecemos.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Cronologia Amorosa

Quando tinha 15 anos queria a menina mais bonita da cidade para desfilar de mãos dadas e lascar beijos fervorosos diante de uma platéia importantíssima de amigos. Nada importava mais que simplesmente ser gostosa.
Quando fiz 18 e depois de muito trabalhar pra conseguir meu primeiro carro, um fusca, finalmente sai com uma gostosona! Transamos na terceira vez que nos encontramos e me apaixonei. 3 meses depois ela estava saindo com um cara todo malhado que jogava no time de futebol da cidade.
Depois dessa experiência quis uma menina bonita, meiga, educada, que não fosse tão ligada a forma física, coisa que não me favorecia muito e que levasse uma relação a sério.
Logo aos 19 tive minha primeira namorada séria. Conheci a família, viajamos juntos, prometemos amor eterno. Na época ela estava no cursinho e eu no primeiro ano de faculdade.
Assim que ela ingressou em agronomia descobri que ela era muito mais séria e careta do que eu que cursava comunicação. Ela queria casar e eu viajar pra fora do país. Medo! Insegurança e imaturidade.
Aos 22 não queria saber de nada sério e voltando do exterior queria mais é curtir a vida com uma menina tão doida quanto eu.
Encontrei uma mulher mais madura. Uns 20 anos mais experiente. E louca em inúmeros aspectos. De tão louca esquecia-se de mim.
Aos 25 queria mesmo é cuidar de mim. Fiquei magro, e minha alegria era o desafio da conquista. Bem cafajeste. Até que me cansei dessa vida. Queria alguém para assistir as vídeo cacetadas num domingo monótono, sossegar de vez.
Conheci minha ex-mulher. Vivemos um amor sublime e importante que será impossível tirar da memória ou do coração. Mas até então não tinha renda, casa, trabalho e nada que me desse segurança para realmente sossegar.
Agora tenho 30. Só penso em dinheiro e ...
...Não sei o que, ou quem, quero. Só quero que o sentimento seja sincero, intenso, e verdadeiro. Uma bela bunda, um beijo bom e sexo alucinante é pedir muito?

Roteiro em aberto.