quinta-feira, 4 de março de 2010

Uma Semana

Depois de uma semana sem computador estou aqui novamente.
Um sobrevivente.
E não é que existe vida fora de um monitor?!
Gente, e é tão viva! Palpável. É concreta e cheia de nuances. Cheia de perigos e escolhas. Aventuras e dramas num filme cheio de ação!
A vida real é cheia de corações que pulsam fortes dentro de peitos de todos os tamanhos e intenções variadas. Um beijo aqui fora é mais doloroso que uma mudança de status para “namorando” e mais complicado dizer “quem sou” para alguém de verdade do que escrever uma frase de impacto num perfil qualquer.
A vida real tem outro tempo. Hoje, pós terremoto do Chile, um tempo com um milionésimo de segundo a menos para ser contado! Nem um piscar de olhos é tão rápido, mas esse milionésimo representa a devastação de um país ou a criação de outro. O nascimento de alguém e a morte de outro alguém. Num instante estamos sós, noutro cercados de solidão. Ou com o sentimento de estarmos realmente acompanhados. Instantes. Milionésimos de segundo que ditam o antes e o depois.
Antes de um computador ligado em uma rede mundial os vizinhos se conheciam. As pessoas estavam presentes. Depois de uma semana desconectado percebi que esse mundo ainda existe, mas anda esquecido. Antes, existia troca de olhares antes das trocas de email. Existia uma serie de outras coisas que não existem mais. E nos damos conta dessas mudanças num único instante. De uma vez. Num milionésimo de segundo! Num piscar de olhos.
A vida é formada desses pequenos instantes. Instantes que dominam o tempo e o espaço. Não existe “quando” nem “onde” quando pessoas de fato se encontram abertas umas para as outras. Quando um aperto de mãos acontece, quando um cumprimento matinal estampa um sorriso no rosto de alguém, quando um abraço sincero acontece. O tempo pára nesses instantes. Uma foto é registrada na retina e na memória. Tudo isso acontece na vida real.
Nosso HD parece estar cheio, precisando fazer um backup, mas na verdade está pela metade. Sempre estará. A vida real não tem limite de bits, megas, gigas, terabites e o que mais vier. É infinito! Não há tecnologia capaz de superar nossa capacidade!
Numa semana sem computador descobri o valor do telefone. Mais ainda, descobri o valor que ele tem para pessoas que realmente preocupam-se conosco. Muito fácil manter contato com pessoas que estão “online” e “disponíveis”. Amigos que ligam pra falar merda alguma, outros que simplesmente ligam porque sentem sua falta. Isso só acontece na vida real.
O gosto de uma lagrima é diferente quando as teclas de um teclado embaçam e quando a vemos no ombro de uma pessoa. Outro gosto ainda quando outros olhos se enchem de lagrimas ao ver as suas.
Tanta coisa acontece aqui fora. E só fiquei uma semana sem meu computador! Só uma semana? Há quanto tempo estou aqui? E o que isso importa? Não foi tempo perdido. Nem ganho. Foi outro tempo. Talvez uma eternidade...
Na vida real foi só mais uma semana...
... de tantas outras que estão por vir.

Um comentário:

  1. "Não existe "quando" nem "onde" quando pessoas de fato se encontram abertas umas para as outras."

    Você conseguiu resumir o IMPORTANTE! o detalhe de as pessoas estarem "abertas"...
    Uma próxima semana ótima!

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