quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Responsa

_André, você tem que ter responsabilidade! – meu pai me dizia. Outra coisa que escutei muito foi: _ A única responsabilidade que você tem na vida é a escola.

Aí, conversando com uma amiga, ela me disse que foge das responsabilidades. Que tem medo de crescer. Foi quando eu parei para pensar sobre o assunto e cheguei à conclusão que somos nós mesmos que criamos nossas próprias responsabilidades.

Muitas vezes cheguei com boletim vermelho em casa e obviamente levei bronca, fiquei sem presente, fiquei de castigo. E quando isso acontecia e escutava que minha responsabilidade era a escola, associei escola + responsabilidade = coisa chata, tortura, uma imposição.
Estudava numa escola de padres onde eu era o único negro. Pelo menos não me lembro de nenhum outro. A elite estudava lá e negros não fazem parte da elite. Ainda mais na década de 80. Sofria muito preconceito sem nem saber o que era isso. O que sei é que detestava a escola. Era imposto que fosse então eu ia. Ia para cumprir com minha única responsabilidade.

Sendo assim, a responsabilidade é isso. Um monte de coisa chata que temos que fazer, pois simplesmente TEMOS que fazer.

Da cartilha lá da escola me lembro bem que aos 30 anos a gente “vira” adulto. Pois bem, se criança minha única “responsa” era a escola, quais são as minhas hoje? Trabalho? Estudei mais de 10 anos para trabalhar no que queria, porque gostava. Não era chato. E qualquer outro exemplo que pense, nenhuma das responsabilidades adquirida ao longo dos anos foi imposta ou torturante. Aliás, quando ficou chato assumi a responsabilidade de mudar de vida!

Muito bem, não seria a responsabilidade irmã do comprometimento? Quase gêmeos talvez?
Partindo de uma vontade, uma idéia, uma necessidade, N fatores, resolvi abrir um negocio. Comprometi-me com isso. Procurei ponto, franquia, financiamento, fiador, sócio, contador, empreiteiro, chaveiro, engenheiro, corretor, parceiros. Tenho contratos assinados que me geram responsabilidades com esse povo todo!

Quando trabalhava com arte ( ainda trabalho só que agora só com coisas que quero ) as responsabilidades começaram a ser torturadoras, não estava mais comprometido com o trabalho e sim com o dinheiro que não recebia. Com a falta de consideração, com o descaso. Essas coisas deixaram meu trabalho um porre. Um martírio, mas que TINHA que ir, pois tinha essa responsabilidade. Deixei tudo e fui procurar um novo comprometimento, novas responsabilidades.

Acho que aprendi então, que sou eu mesmo que crio minhas responsabilidades. Não são impostas por uma força maior vinda do alem! O lance é comprometer-se com aquilo que realmente te satisfaz. Aí, as responsas viram apenas tarefas, fases de um game que logo a gente termina!

3 comentários:

  1. Falou e disse Andre. Adorei a associacnao que você fez durante todo o texto. Da responsabilidade quando criança a algo chato. Chatisse essa que geralmente se leva para o restante da vida. Parabéns :)

    ResponderExcluir
  2. Nunca fugi das responsabilidades, pelo contrario sempre sai em busca delas como uma forma de me sentir útil e muitas vezes assumindo mais responsabilidades do que eu podia ou devia...
    Querendo abraçar o mundo com as pernas, acreditando q tudo a minha volta estava sobe minha RESPONSABILIDADE... Acho q por isso sempre fui associada a responsável = a chata.. hahahahah
    E quando criança não achava uma tortura a escola, hj na vida "adulta" é q tenho momentos de cansaço mas logo sinto falta das minhas obrigações...

    e

    "O lance é comprometer-se com aquilo que realmente te satisfaz" É um ótimo conselho...
    :)

    (fiz quase um post) rs

    ResponderExcluir
  3. Achava 'piegas' qndo ouvia alguem dizer que o legal é fazer o que gostamos.
    Pois é,vida adulta..as tais responsas..o trabalho e hoje vejo que eram sabias palavras as que ouvia.
    Qndo há satisfação, não há obrigação.
    Torna-se PRAZER!
    Adorei o post!

    ResponderExcluir