quinta-feira, 24 de junho de 2010

Tempo Saudade

Saudades de aconchego, de afeto, carinho e cuidado é normal sentir. Mesmo tendo tudo isso, sentimos a necessidade de mais. Longe da carência esse sentimento é inerente ao homem. Precisamos de contato físico nem que seja com nós mesmos. Imagine quantas gerações sofreram privadas de até mesmo tocar-se, quanto mais o outro. Foi a tal da Igreja, quando ainda exercia seu papel ditatorial. Se é que ainda não o exerce.
Ontem mesmo disse para uma amiga que os sentimentos são iguais para todos, o que fazemos com eles é que nos difere um dos outros.
Toda essa necessidade de carinho pode transformar-se numa carência aguda, numa solidão amarga, um eterno querer sem ter. Podemos assim, ficar vulneráveis ao conflito emocional/racional, transformando-nos em presas fáceis para uma relação amorosa unilateral. Ou seja, podemos nos iludir com a primeira figura que aparece declarando uma certa atração.
Outros por sua vez, fazem dessa necessidade uma desculpa para acrescentar alguns nomes em seu plantel de sexo casual. Perde-se assim o foco até mesmo de si! Deixa os sentimentos de lado e engana-se com o prazer que o gozo proporciona e, como uma droga, deprime-se aos domingos ao ver a cama vazia.

O tempo do amor, da paixão, do algo mais, do brilho nos olhos e do coração palpitante, é um tempo diferente do que vivemos diariamente. Não se conta com relógios, não é possível dividi-lo em começo meio e fim. É mais lento, mais arrastado. É aí que mora o perigo! Aí que mora os conflitos e aí que é a causa de inúmeros terapeutas estarem com as agendas lotadas! Estar só virou cobrança social. Ninguém quer ficar só. Morrer num AP lindo nos jardins, mas só, como uma vilã de novela, é pesadelo não declarado da raça humana! Inventamos o namorido. Juntamos os trapos assim que a coisa fica mais “séria” na pressa de finalmente ter alguém em casa que nos dê todo o carinho, afeto, sexo, aconchego, amor, etc, que merecemos!

Sem pressa. Tempo para sentir a brisa na face, de sentir os cheiros, as cores, os sabores. Como folhas que balançam compassadas nas copas das arvores no fim de tarde. Tempo da maré encher. Do coração encher-se, da alma transbordar. É desse tempo que temos saudades!

5 comentários:

  1. saudades do que nem viveu? ou do que viveu e quer resgatar? padrões..padrões...amor romantizado sempre traz frustrações :/

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  2. É só o tema, não estou com saudades de fato. É só a sensação de saudade. Aquilo que falta, que está ausente e nem sabemos o que é. O "mas" dito constantemente: "eu gosto de voce MAS bla bla bla." - dito como desculpa pra nao dizer: Olha, gosto de voce, pena que voce não tem o que eu quero. Ou procuro. Ou nada disso, simplesmente nao tem.

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  3. E é doido quando encontramos alguem que atende aos requisitos! Levamos um susto quando encaixa. Nesses momentos, os "MAS(es)" vão sumindo. Provavelmente voltem um dia, mas durante aquele periodo de conehcimento mutuo onde tudo sao flores, desse sentimento todos sentem saudades.

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  4. Eu também sinto saudades "desse tempo" também.

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